Thursday, September 29, 2005

O pico petrolífero e as classes trabalhadoras - A perspectiva anarco-sindical

"O pico petrolífero e as classes trabalhadoras" é um ensaio que põe, pela primeira vez, a questão do Pico do Petróleo como um problema e oportunidade para a classe trabalhadora dos Estados Unidos. Pico do Petróleo, que necessita ser encarado com acção, com um plano consciente e uma acção coordenada, com uma frente unidade trabalhadores agregados a uma central sindical democrática de inspiração ideológica anarco-sindical, voltando à tradição do anarco-sindicalismo que foi a única corrente que conseguiu desenvolver um sindicalismo mobilizador e combativo especialmente nas primeiras décadas do século XX nesse país.

Com um plano de acção com "cinco os objectivos que a classe trabalhadora tem que atingir em resposta ao Pico do Petróleo", e uma aposta bem pensada em revitalizar o sindicato Indusrial Workers of the World (anarco-sindical, combativo ao contrário do sindicalismo burguês de AFL-CIO), este ensaio elabora a melhor resposta virada para a acção, que algm teorizador do Pico do Petróleo já elaborou, que ofereçe uma solução à classe trabalhadora para o inevitável "período de transição" que vai endurecer o regime capitalista pressionado pelo jugo dos constrangimentos da crise energética.

Acerca dos impactos do Pico do Petróleo, convém lembrar que em simultâneo com o problema do alto preço do petróleo, os trabalhadores e os mais pobres sofrem já as consequências de uma produção interna de gás natural que já passou do pico de produção, com uma alta de preços no último ano ainda mais acentuada que o petróleo, que é essencial para o aquecimento das habitações durante o inverno e que não é possível importar a breve prazo. Juntando a isto os estragos de Katrina e Rita na infraestrutura do petróleo e gás natural, é um inverno difícil para os trabalhadores e pobres norte-americanos.
Rescaldo dos furacões Katrina e Rita

-Furacões destruiram 40% das empresas de Louisiana

-Governo dos EUA é acusado de corrupção na ajuda a vítimas dos furacões

-Furacão Rita: depois da tempestade... a confusão
(ver também esta notícia no PicoDoPetróleo.net)

O rescaldo humoristico da actuação do presidente Bush

-Diário intímo de Bush

Tuesday, September 27, 2005

As consequências dos choques petrolíferos na taxa de desmprego dos Estados Unidos

A conclusão a tirar dos gráficos de preço do petróleo e desemprego nos E.U.A. é que existe uma evidente conexão, causa-efeito, comprovando que a economia norte-americana é bastante vulnerável à escalada de preços e os trabalhadores são os primeiros a sofrer.



O gráfico acima mostra os preços do petróleo ao longo do século 20 até à actualidade com inflação ajustada (preços vistos com o dólar actual).



O gráfico acima mostra o desemprego nos Estados Unidos, significando as listas cinzentas períodos de recessão (gráfico tirado de um artigo de Econbrowser).

Saturday, September 24, 2005

O Pico do Petróleo já se sente nos países pobres

O Pico do Petróleo já atinge os países pobres do chamado terceiro mundo com toda a força. Aqui estão alguns exemplos tirados de um artigo do jornal local norte-americano Falls Church News (que vinha na newsletter de setembro da ASPO no. 593), ao qual acrescentei outro exemplo fresco da pressão da subida do preço do petróleo sobre as economias mais frágeis, recém chegado da Jordânia.

• O mês passado a BBC relatou que dezenas de manifestantes foram mortos por todo o Yemen quando o governo retirou os subsídios de combustível resultando em aumentos de preço dramáticos (fonte: Aljazeera.net).
• Por toda a Indonésia há pessoas a esperar em linha nas bombas de gasolina em reacção à crescente escassez de combustível. Numa cidade, metade do transporte público estava inoperante devido à falta de combustível.
• No Zimbabué, o governo passou a desregular a aquisição de combustível num cenário de escassez severa: esperas de horas por autocarros, filas para as bombas de gasolina que ocupam quarteirões, e uma escassez de pão. O preço da gasolina no mercado negro é agora 10 vezes o preço oficial.
• Quase todos os países pobres produzem a sua electricidade em geradores a gásóleo.
A Nicarágua, um dos países mais pobres da América Central, recentemente começou a ter blackouts nos distritos pobres das 19 às 22 horas, as horas de utilização máxima.
• A Tanzania, com os impostos sobre a gasolina mais elevados da parte oriental de África e um sistema de mercado de petróleo caótico, está a ver os seus planos para o "crescimento" económico "sufocados" pelo petróleo caro. A Tanzania também providencia combustível para os estados isolados do Malawi, Ruanda, Congo Leste, Burundi e Uganda.
• Na Jordânia foram subidos os preços da gasolina subsidiada e outros combustíveis numa iniciativa governamental que arrisca causar agitação política e popular. Os aumentos em diversos produtos petrolíferos vão de 5 a 29% (fonte: Aljazeera.net).

[update 30 de setembro]

• Aumento de preços de combustível em flecha na Indonésia (um recente ex-membro da OPEP) e consequente crise social, com manifestações e motins nas ruas (fonte: Aljazeera.net)

[update 6 de outubro]

• A crise energética agrava-se na Nicarágua e os Estados Unidos parecem perder controlo da sua colónia política. (fonte: Diário Vermelho)

Fontes:
Falls Church News
ASPO Ireland
Aljazeera.net

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O Pico do Petróleo já quebrou o Zimbabué

Escassez de combustível provoca ruptura económica no Zimbabué. Muitos no Zimbabué estão a ter de recorrer ao mercado negro para adquirir combustível.

Os serviços municipais e de emergência na capital do Zimbabué estão severamente feridos pela escassez de combustível, com somente um carro de bombeiros operacional.
Testemunhando perante uma comissão parlamentar quarta-feira, o Presidente da Câmara de Harare Nomutsa Chideya disse que o governo local estava agora a comprar combustível no mercado negro, e ainda assim não conseguia oferecer serviços de emergência adequados e conduzir reparações.
"Nós não recebemos gásóleo desde à 4 semanas. Nós não estamos em condições de responder a qualquer rebentamento de canos de esgoto e de água porque os nossos veículos estão parados," o jornal estatal Herald citou Chideya dizer.

Ele disse que apenas um carro de bombeiros na cidade tinha um quarto de depósito de combustível, acrescentando: "Pela saúde dos nossos habitantes, nós preferimos comprar o combustível no mercado paralelo. Nós afundamos, nós não conseguimos operar serviços mínimos."

Escassez de combustível paralizadora

O Zimbabué aumentou os preços da gasolina e gásóleo em mais de 100% à uma semana, um aumento que o governou justificou com a necessidade de estar em linha com os preços internacionais.
Aonde ainda é possível encontrar gasolina, os preços aumentaram de 10,000 a 22,300 dólares Zimbabuenses (40 a 89 cêntimos norte-americanos) por litro, enquanto o gásóleo subiu de 9,600 para 20,800 dólares zimbabuenses.

Os preços da gasolina no Zimbabué duplicaram à uma semana. Chideya disse que a Câmra Municipal de Harare costumava receber 30,000 litros de combustível por mês, que tinha sido agora cortado para 10,000 litros.
Harare é agora uma sombra da sua antiga glória quando era conhecida como uma das mais modernas e limpas cidades do sul de África.
Os residentes lutam por sobreviver com electricidade e provisão de água incertas, as ruas estão cheias de buracos de desgaste (por falta de reparação) e a maior parte da iluminção das ruas não funciona à meses. Os hospitais da cidade estão num estado crítico por falta de equipamento.

Escalada dos preços


A escassez de combustíveis e a última escalada dos preços levaram os operadores de transporte colectivos privados - que transportam a maior parte dos utentes na região de Harare - a duplicar as tarifas.
A polícia subsequentemente ameaçou prender qualquer operador que cobre tarifas ilegais.
Contudo os operadores privados dizem não ter alternativa senão subir as tarifas porque são forçados a comprar combustível no mercado negro a preços mais elevados que a companhia dos transportes públicos estatais.

Fontes:
PowerSwitch
Falls Church News
BBC News

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O Pico do Petróleo já sufoca a América Central

Pobres da América Central lutam pela sobrevivência à medida que o preço do petróleo sobe,
por Noel Randewich.

Alioto, Guatemala - Os pobres de uma favela guatemalteca estão a queimar resíduos fabris para combustível de cozinha à medida que o preço do petróleo atinge as já vulneráveis economias da América Central , forçando os governos a pedir ajuda internacional.
Eulogia Pescera, comerciante de tortilhas, costumava cozinhar com gás doméstico, mas depois de um salto recente de 30% nos preços, ela virou-se para materiais mais baratos.

Pescera e muitos dos seus vizinhos na favela de Alioto, que se estende pelos montes até fora da Cidade de Guatemala, agora compram resíduos de polyester fabris de fábricas texteis multinacionais das redondezas.
Combustível de resíduos é o único combustível que ela pode pagar de modo a manter o seu pequeno negócio das tortilhas.
"Vão a fazer dois meses desde que comprei gás pela última vez," disse Pescera por entre uma nuvem de fumo de cheiro tóxico. "Combustível de fábrica serve perfeitamente."

Por toda a América Central, onde um quarto da população vive com menos de $1 dólar por dia, o custo de encher o depósito e gerar electricidade subiu em flecha nos últimos meses em linha com o aumento dos preços mundiais do petróleo.
Numa região ainda a lutar por recuperar de guerras civis dos anos 80 e 90, a escalada em flecha do preço da energia está a trazer de volta o espectro da inflação alta -- que geralmente atinge os pobres com mais força e que tem gerado sublevações sociais ao longo dos anos na América Latina.
A inflção na Guatemala está prevista a saltar para quase 8% em 2005, desde os 5.8% este ano até à data.

O banco central de El Salvador disse recentemente que os preços altos dos combustíveis vão manter a inflação acima da sua meta de 2-3% em 2005. Os preços na Costa Rica são esperados subir quase 14% este ano.
"Os pobres estão a sofrer mais. Eles têm menos recursos disponiveís e assim vivem no limite," disse Andres Botran, um recentemente empossado ministro guatemalteco responsável por lutar contra a pobreza crónica e malnutrição.

COMBUSTÍVEL DE CANA DE AÇÚCAR

O presidente brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva ofereceu-se a mostrar aos países centro-americanos como abastecer os seus carros com açúcar.
numa visita à Guatemala, Lula convidou os governos centro-americanos a visitar o Brazil e aprender a substituir combustíveis fósseis por etanol feito de cana do açúcar.
"O Brazil está pronto a partilhar tecnologias novas e limpas," disse ele aos chefes de estado centro-americanos.

A semana passada na Nicarágua, a multinacional espanhola Union Fenosa começou a racionar electricidade, causando blackouts na capital depois do supremo tribunal a ter proibido de subir as tarifas para se mater em linha com os preços mundiais do petróleo, perto de $63 dólares o barril, quinta-feira.
O governo hondurenho ordenou as estações de serviço a fecharem aos domingos com o intuito de conservar gasolina.
Na Costa Rica, os funcionários públicos foram mandados começar a trabalhar mais cedo e sair do trabalho menos tarde para poupar electricidade, e alguns condutores na capital, São José, foram mandados deixar os seus carros em casa durante a hora de ponta.

Alguns líderes dizem que a região, recheada de vulcões e lagos, devia desenvolver projectos de energia geotérmica e hidroeléctrica para reduzir a dependência no petróleo. "Nós deviamos promover uma política de produzir energia com os nossos próprios recursos," disse o líder sandinista da oposição Daniel Ortega, um ex-presidente da Nicarágua.
A Guatemala é o único país na região que produz petróleo mas o output é muito baixo à volta de 20,000 barris por dia.

A Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Honduras e outros países pobres na América Central querem que os maiores produtores de petróleo da América Latina, México e Venezuela, expandam drasticamente os programas de subsídio feitos para amortecer o impacto dos preços de combustível.
"O ministro da energia, o presidente, eles estão ambos preocupados, e estão a bater à porta dos países produtores para que estes reconheçam os efeitos destrutivos que estes aumentos de preços têm na parte mais vulnerável da população," disse Botran.
O cenário pós furacão Katrina é esperado manter os preços da gasolina e gás doméstico altos nos mercados internacionais e nos países centro-americanos, que têm de depender quase exclusivamente em importações para abastecer a procura de combustíveis fósseis.

O presidente salvadorenho Tony Saca disse que os governos da região deviam tornar claro que a era do petróleo barato acabou.
"A verdade devia ser dita às pesoas, que os preços não vão voltar a ser o que foram antes," disse ele.
(reportagem adicional por Frank Jack Daniel em Managua)

-x-

Sobre a Guatemala ver também o ensaio sobre os efeitos do Pico do Petróleo na Guatemala do historiador Gregory Nipper.

Fontes:
Energy Bulletin
Planet Ark

Published on 14 Sep 2005 by Reuters. Archived on 17 Sep 2005.

Friday, September 23, 2005

A ler...

A ineficiência energética em Portugal agrava a crise económica e social, estudo elaborado pelo economista Eugénio Rosa. O qual deixa alguns dados concretos alarmantes quanto à situação da energia em Portugal, numa altura em que os preços sobem em escalada, o país cresce em ineficiência e desperdício e ignora o imenso problema económico que a subida estrutural dos preços provoca. Alguns dados, a saber:

- "Em Portugal para produzir um euro de riqueza (PIB) gasta 2,47 vezes mais energia do que em França; 2,4 vezes mais do que na Áustria; 2,3 vezes mais do que na Alemanha; 2,1 vezes mais do que na Finlândia; 1,68 vezes mais do que na Irlanda; 1,54 vezes do que na Bélgica; 1,49 vezes mais do que na Espanha; 1,47 vezes mais do que na Itália; 1,42 vezes mais do que na Grécia; 1,34 vezes mais do que na Holanda; 1,26 vezes mais do que no Luxemburgo".

- Portugal "que importa cerca de 88% da energia primária que consome," paga em energia importada uma factura substancial está a crescer vertiginosamente, de 2004 para 2005 a percentagem de combustíveis minerais nas importações extra-comunitárias (de onde importa todo o petróleo) cresceu de 30 para 38%.

- Os preços da electricidade no consumo industrial diminuiram 15% de 1994 a 2005 noentanto continuam a ser mais altos 5% que na UE. Já os consumidores domésticos, no mesmo período, tiveram um agravamento do preço da electricidade de 4,5% e pagam mais 20% que a média europeia. Por aqui também se vê muita da ineficiência que a ser combatida podia ajudar a economia.

- A situação nos transportes, então é o cumúlo da ineficiência e desperdício, apostando no transporte rodoviário contra o ferroviário e no individual contra o colectivo, a política de transporte encoraja o desperdício sem olhar à factura.

"Os dados do Eurostat revelam que em Portugal, entre 1992 e 2003 a importância do transporte ferroviário no transporte interior total diminuiu em 25,8%, representando neste último ano em Portugal apenas 38% da média comunitária. Por outro lado, em 2003, o peso do transporte rodoviário em Portugal era superior à média comunitária em 21,8%, já que representava em Portugal 93% de todo o transporte interior, medido em toneladas/km, enquanto na União Europeia correspondia, em média, a 76,4% do transporte total interior. Dados do INE sobre a utilização do transporte individual nas AM de Lisboa e do Porto confirmam a mesma tendência.

Nas AM de Lisboa e do Porto, em 1991, respectivamente 24% e 23% das pessoas utilizavam o transporte individual nas suas deslocações; em 2001, essa percentagem tinha aumentado respectivamente para 44% e 49%. No mesmo período a utilização do transporte colectivo sofreu uma forte quebra, pois passou na AML de 51% para 37% , e na AM do Porto de 42% para 28%."

- "É evidente que a forma altamente ineficiente como se utiliza em Portugal a energia tem custos extremamente elevados para o País e contribui para agravar a crise económica e social, porque torna mais caro tudo o que se produz, e numa altura em que o preço da energia, nomeadamente do petróleo, está a aumentar vertiginosamente e é de prever que nunca mais se tenha acesso a energia barata."

Ler também...

Outro artigo, sobre as consequências do Pico do Petróleo no Japão. Andrew Dewit é professor de Economia na Universidade de Rikkyo em Tokyo e coordenador da Focus no Japão. Escreve um ensaio sobre o impacto do choque energático no Japão, onde estão presntes vantagens e desvantagens do Japão em relação à UE e os EUA. Bom, do lado das vantagens, o Japão tem muito mais eficiência energética nos seus transportes que europeus e americanos e segundo a Morgan Stanley seria preciso um preço de $129 dólares o barril de petróleo para os japoneses sentirem um choque equivalente ao de 1979 enquanto para os EUA bastaria $81 e para a UE bastaria $77.
Noentanto pela negativa o Japão tem uma grande dependência exterior de comida (só produz 40% do que consome) e tem uma grande "kilometragem de comida", isto é um referencial da quantidade multiplicada pela distância que permite avaliar a ineficiência energética da dependência alimentar exterior, em relação aos americanos e europeus.

"Each Japanese consumer annually consumed 7093 ton-kilometres of food whereas consumers in the US consumed 1051. Even Britain, another island nation, took only 3195 ton-kilometres per capita."

Thursday, September 22, 2005

Uma entrevista sobre o Pico do Petróleo com um académico português, Manuel Collares Pereira.

É com grande satisfação que vejo um português a ser entrevistado sobre o Pico do Petróleo no prestigiado sítio Global Public Media. Se bem que as opiniões do professor Collares Pereira sejam por vezes diferentes das minhas, ele reconhece a evidência do Pico do Petróleo mas é demasiado relaxado em relação às suas consequências. É um membro da ASPO português, nem que seja pelo reconhecimento do fenómeno transformador do pico, já não é mau...

É uma hora de entrevista em video que vale a pena ver e ouvir.
Katrina: um choque económico global!

Uma artigo de Philippe Martin, professor francês na Universidade de Paris-I Panthéon-Sorbonne e investigador no Centro de Ensino Socio-Economicos Pesquisa e Análise (Ceras-CNRS).

Uma excelente análise, só não concordo com uma conclusão do artigo: «If it such a slowdown does occur, it will probably result in a sharp drop in oil prices in 2006.»

A ler...
O que é o Pico do Petróleo? "O barril está meio vazio..."

Pico do Petróleo refere-se ao momento em que a humanidade já não é capaz de produzir mais petróleo globalmente do que foi capaz no ano anterior. Quando acontecer o pico, as economias vão contrair/encolher em vez de crescer, e o planeta poderá sentir um choque petrolífero global mais profundo que aqueles sentidos durante os anos 70.
Economicamente, politicamente e socialmente, os resultados poderão ser catastróficos se nós não mudarmos a maneira como o mundo funciona antes deste evento. Enquanto as corporações e governos do mundo fazem pouco ou nada para preparar a sociedade para esta eventualidade, torna-se um imperativo da comunidade de tentar tornar-se mais auto-suficiente e auto-sustentável de maneira a mitigar alguns efeitos da implosão política e económica.

Wikipedia, a enciclopédia online, explica:
"A teoria do pico de Hubbert deve o seu nome ao geofísico M. King Hubbert, que previu correctamente o pico da produção de petróleo nos EUA com 15 anos de avanço. Embora controversa, a teoria vai ganhando influência nos decisores de políticas dos governos e da indústria do petróleo. Actualmente, raramente se debate se haverá ou não um pico, mas quando ocorrerá e qual a severidade dos efeitos posteriores."
Independentemente do debate em torno da origem do petróleo e se ele é um recurso naturalmente reabastecido. A realidade crua dos números diz que estas teorias de um petróleo "renovável" são de um extremo absurdo. O facto é que os EUA (só para dar um exemplo) produzem menos petróleo todos os anos desde 1970, e o mundo consome mais petróleo do que descobre desde 1982. O mundo está a mostrar sinais de formação de plateau e declínio semelhante ao plateau e declínio que os EUA experimentaram durante os últimos 35 anos, como mostrado no gráfico abaixo:


A produção dos EUA é a área verde claro no fundo. Nota o pico a volta de 1970.

Podemos simplesmente usar menos?

Nós teremos de viver com menos petróleo eventualmente. Contudo, enquanto ele não é simplesmente não-disponível, cortar voluntariamente o consumo seria o equivalente a um suicídio para a nossa economia tal como ela está estruturada hoje.
A nossa economia moderna está baseada na dívida/crédito, e tal economia tem de crescer para garantir que cada vez maiores futuros dividendos paguem a dívida de hoje. Uma economia em crescimento garante que nós não tenhamos que enfrentar a dívida de hoje ou a dívida do último ano, mas as economias só conseguem crescer usando mais energia. É necessário um complexo esforço de transição.
À medida que passamos o pico do petróleo global e há menos petróleo para usar do que houve ontem, o nosso país (e o mundo) terá que lidar com os resultados descendentes da economia baseada na dívida. Esses resultados poderão ser tão extremos como os ascendentes foram nos últimos 50 anos na economia mundial.

O que estão o governos e os privados a fazer? Se isto é tão real e ameaçador porque não ouvimos nós falar disto?

Quando o gigante petrolífero Shell cortou a sua estimativa de reservas em 2004, o seu stock caiu 6% nas notícias (ver www.oilcrisis.com). O assumir de tais coisas é arriscado. Mesmo assim, a industria parece começar a digerir o óbvio: a procura global vai ultrapassar a oferta que não consegue sustentavelmente crescer daqui para a frente. Num artigo no Financial Times (arquivado em www.energybulletin.net), Carola Hoyos discute algumas das outras reacções da industria ao Pico do Petróleo. É uma área complexa por estar tanto em causa.

Não faria sentido falar da reacção dos governos ao Pico do Petróleo sem falar dos EUA, afinal eles têm 4% da população mundial e usam 25% da energia mais barata, o petróleo. Se eles admitissem que a mais importante commodity na Terra está prestes a estrar em declínio de produção, não seria óbvio para Cindy Sheehan e todos os outros que "causa nobre" realmente há no Iraque? Qualquer admissão de um governo do Pico do Petróleo seria também a admissão que os EUA não têm de maneira nenhuma direito a consumir o petróleo restante à taxa actual. O problema do crescimento económico mostra a sua cara feia outra vez. Esse governo não pode dar se ao luxo de ter este debate aberta e honestamente. Ninguém é re-eleito por assustar o público, e as corporações não financiam a tua campanha se tu estiveres a desesperadamente a tentar que os consumidores comprem menos produtos ou produzam o seu próprio alimento.
Assim, em vez de falar de coração aberto com o público sobre a nossa dependência em energia barata, as corporações e os governos jogam por posições estratégicas à volta do (rico em energia) Médio Oriente e região do Cáspio. Entretanto, os grandes media mantêm o público norte americano e europeu a sonhar de maneiras que algum mítico "eles" ou alguma mítica tecnologia vai inventar a solução para os problemas que enfrentam.

Então e a energia alternativa?

A energia alternativa é excelente. As renováveis poderão salvar as nossas vidas, se nós tivermos sorte. Infelizmente as alternativas não são suficientemente intensivas em energia para aguentar uma população de 7 biliões de pessoas num planeta industrializado. Só o petróleo foi capaz de criar a quantidade e qualidade de energia que a humanidade requer para mover este mundo que construímos. Sem isso, nós vamos estar aquém, independentemente do sucesso que possamos ter com as alternativas. Existe o risco que a resolução venha na forma de redução populacional por doença e fome.
Crítico para avaliar as alternativas fósseis é perceber que nós também estamos a enfrentar uma crise no gás natural semelhante à vindoura crise do petróleo. Mudar para alternativas só depleta essas alternativas ainda mais depressa do que nós já estamos a depletar. A energia solar requer petróleo para o processo de minar silicon, prata e cobre. A nuclear requer urânio. A economia do hidrogénio é um conto de fadas. As alternativas não vão funcionar bem para o transporte, e isso porque continuamos a usar o petróleo para 90% da energia de transporte, hoje. Não há respostas fáceis, aqui.
Excelente e profundo tratamento desta questão é oferecido em
http://www.lifeaftertheoilcrash.net/

Quando vai acontecer o Pico do Petróleo?
As estimativas mais realísticas põem o pico entre 2007-2020. Alguns números altamente optimistas põem o pico em 2037 ou depois. Alguns altamente reputados insiders em energia, como Matthew Simmons (um respeitado banqueiro de investimentos energéticos e membro da task force de 2001 de Dick Cheney) acreditam que pode já estar a acontecer.

O que posso eu fazer para me preparar a mim próprio e à minha família?

- Elimina as dívidas. Elimina a dívida do cartão de crédito primeiro.
- Imagina a tua casa durante um blackout. Como a poderias adaptar para sobreviver?
- Mantém alguma água limpa e provisões de comida perto de casa.
- Mantém uma semana de trabalho de dinheiro em casa.
- Vai conhecer os teus vizinhos. Faz amigos.
- Descobre uma maneira de usar transporte de massa ou considera mudar-te para perto do trabalho.
- Considera aprender agricultura orgânica e como aprovisionar água da chuva.
Infelizmente, nenhuma destas coisas garante segurança. Se a sociedade desintegrar, nós vamos todos perder.
A melhor defesa contra o Pico do Petróleo é uma comunidade forte.
Alerta Rita!

O furacão Rita já atingiu a categoria 5, a máxima, com ventos até 281 kph, se nas próximas 48 horas não baixar de intensidade, para 4, atingirá a costa do Texas e da Loisiana com a intensidade máxima. Um desastre natural e mais uma obstrução da produção petrolífera. Uma situação a seguir.

Fontes:
Aljazzera.net
Diário Vermelho

Pas Peak
Oil Drum

Wednesday, September 21, 2005

Atenção à Rita!

Informações sobre o furacão Rita, um perigo que parece estar em crescendo no novo blogue do Pico do Petróleo de águas tórridas.

Monday, September 19, 2005

"COMEÇA A ESGOTAR-SE O PETRÓLEO"

Presidente Hugo Chávez em discurso perante a assembleia da ONU (excerto) :

«Senhoras e senhores, enfrentamos hoje uma crise energética sem precedentes no mundo, em que se combinam perigosamente um imparável incremento do consumo energético, a incapacidade de aumentar a oferta de hidrocarbonetos e a perspectiva de um declínio das reservas provadas de combustíveis fósseis. Começa a esgotar-se o petróleo.

Para 2020 a procura diária de petróleo será de 120 milhões de barris, com o que, sem ter em conta futuros crescimentos, se consumiria em 20 anos um volume idêntico a todo o petróleo consumido pela humanidade até ao momento, o que significará, inevitavelmente, um aumento das emissões de dióxido de carbono que, como se sabe incrementa diariamente a temperatura do nosso planeta.

O Katrina foi um doloroso exemplo das consequências que pode trazer ao homem ignorar estas realidades. O aquecimento dos oceanos é, por sua vez, o factor fundamental por detrás do demolidor incremento da força dos furacões que temos visto nos últimos anos. Aproveito a ocasião para transmitir, uma vez mais, a nossa dor e o nosso pesar ao povo dos Estados Unidos, que é também um povo irmão dos povos da América e dos povos do mundo.

É prática e eticamente inadmissível sacrificar a espécie humana, invocando de forma demencial a vigência de um modelo sócio-económico com uma galopante capacidade destrutiva. É suicida insistir em disseminá-lo e impô-lo como remédio infalível para os males, dos quais é, precisamente, o principal responsável.

Há pouco tempo, o senhor Presidente dos Estados Unidos, numa reunião da Organização dos Estados Americanos, propôs à América Latina e ao Caribe incrementar as políticas de mercado, a abertura do mercado, quer dizer, o neoliberalismo, quando essa é precisamente a causa fundamental dos grandes males e das grandes tragédias que vivem os nossos povos: o capitalismo neoliberal, o Consenso de Washington, que provocou o maior grau de miséria, de desigualdade e uma tragédia infinita aos povos deste continente.

Agora mais do que nunca necessitamos, senhor Presidente, de uma nova ordem internacional.»


Discurso do Presidente da República Bolivariana da Venezuela na Sexagésima Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, a 15 de Setembro de 2005.

Fonte:
Resistir.info
Energia

Capacidade de realizar trabalho. Um corpo em movimento tem “energia cinética”. Por outro lado, a energia associada à posição de um dado objecto chama-se “energia potêncial”. Em 1847 o britânico James Joule (1818-1889) mostrou, através das suas experiências, que o calor também era uma forma de energia e que a quantidade de energia necessária para produzir uma unidade de calor era sempre a mesma. Esta descoberta levou mais tarde à formulação da Lei da Conservação da Energia – numa transformação a energia não é criada nem destruída.

in História da Energia

Sunday, September 18, 2005

Preços do petróleo vão 'manchar' economia em 2006

No Diário de Notícias de 11 de setembro:

"Orçamento do Estado para 2006 irá contar com barril de crude entre 50 e 60 dólares
Subida do petróleo torna a meta de crescimento de 1,4% em 2006 ainda mais difícil de alcançar

Não é crível que os preços do petróleo venham a percorrer o caminho inverso àquele que foi percorrido até agora e vamos ter que nos ajustar a esta nova realidade. (...) O Orçamento do Estado para 2006, em preparação, vai ser construído com base no preço mais actualizado possível", avisou ontem, em Manchester, Teixeira dos Santos, o ministro das Finanças, no final do Ecofin."

Fernando de Sousa em manchester
Mais três a cinco anos de aumentos

Mais três a cinco anos de aumentos, no preço do barril de petróleo faz capa do Jornal de Notícias. Com direito a vários artigos e entrevista, é o tema da edição de hoje do JN. Um jornal que tem vindo a notar o óbvio (mas ainda não vísivel para muitos míopes): que a crise económica em Portugal tem a marca do petróleo. Aqui ficam os links, de uma leitura aconselhável:

A capa - combustíveis sobem pelo menos durante mais 3 anos.

[Comentário]Durante 3 anos e durante 30. A era do petróleo barato acabou e agora é sempre a subir, só a recessão mundial pode parar esta subida.

O artigo princial - mais três a cinco anos de aumentos.

"OPEP reúne-se a partir de amanhã em Viena e deve decidir aumento da produção Analistas consideram que efeitos sobre preços deverão ser reduzidos e transitórios"

[Comentário] - E a minha análise é efeitos nenhuns sobre o preço, a OPEP há muito perdeu o controlo, e isso foi provado este ano em diversas ocasiões.

Podemos estar no "limiar" de um choque petrolífero - entrevista.

[Comentário] - Pode se continuar a culpar a OPEP, mas a curva de Hubbert é a verdadeira força deste choque petrolífero.

Desequilíbrio do mercado explica preços elevados

"Desinvestimento em refinarias e novas explorações conduziram à volatilidade do custo da matéria-prima. China tornou-se o segundo maior consumidor do Mundo, após EUA."

[Comentário] - Esta análise incompetente não explica nada como é habitual nos jornais portugueses. Os sinais de estagnação na produção continuam a ser ignorados, é a curva de Hubbert meus caros!

"Em Portugal, o barril de Brent custou, em média, cerca de 38 dólares em 2004 e, por cada dólar a mais, a factura anual da importação cresce 118 milhões de dólares. Se em 2005 o consumo for igual ao de 2004 e o barril fechar o ano a 55 dólares, o preço a pagar pelo petróleo poderá atingir os 6,5 mil milhões de dólares, mais 2,1 mil milhões do que em 2004."

[Comentário] - Mas aqui se vêem os custos acrescidos para a importação e consequentemente para o défice comercial. Uma factura que aumentará 30% este ano e que o todo o país paga. Não será o suficiente para deixar de ignorar o aspecto mais crucial da crise económica em Portugal?

Números


[Comentário] - Desactualizados e dúvidosos no que toca às reservas (precisava de se descontar as mentiras da OPEP, do USGS e da AIE).

Gasolina 60% mais cara

[Comentário] - Nos EUA dói a valer, gasolina 60% mais cara. A economia mais petro-dependente e desperdiçadora mais Katrina, não admira...

Inglaterra em plena guerra de preços

[Comentário] - A Inglaterra também deu sinais vunerabilidade. Vamos ver como se safa no inverno.

Energias renováveis em cheque


[Comentário] - Otimismos sem razão.

Gás natural aumentou 8,4% desde Janeiro

[Comentário] - A crise é mesmo dos combustíveis fósseis, no seu conjunto.


Um excerto da entrevista a António Costa Silva:

Quando haverá efeitos?

Um investimento em novos campos demora quatro a cinco anos a entrar em velocidade de cruzeiro. Comprimindo ao máximo os prazos, pode chegar-se a dois, três anos. Mas podemos ter um problema grave até ao fim do ano estão a consumir-se 83,7 milhões de barris por dia, mas as projecções para o último trimestre são de 85,9 milhões. Se isto ocorrer e o Inverno no Hemisfério Norte for rigoroso, o preço pode disparar.

Até onde?

Não gosto de fazer previsões, mas há uma probabilidade de, se os preços subirem ainda mais, ficarmos no limiar de um choque petrolífero, com o barril a chegar aos 80 dólares. Mas há um aspecto importante a OPEP produz cerca de 40% do petróleo mundial, estando o resto nos países não-OPEP, que estão a fazer pouco.
[Comentário] - Não dúvides...

O que podemos esperar?

O que aí vem pode ser mau, mas há alguma esperança. Se houver um arrefecimento combinado das economias chinesa ou americana podemos ter um decréscimo dos preços para patamares de 35 a 40 dólares.

[Comentário] - Vai sonhando...
A China a galope

Um relatório da OCDE confirma que a economia chinesa está de boa saúde e as previsões, do último ano, de desaquecimento da economia chinesa parecem ter errado. Nada pára esta china! Assim vai o segundo maior sorvedor de petróleo do mundo, a galope! A OCDE diz que se prevê um crescimento chinês de 9% este ano e 9.2% para 2006. Com estes números de crescimento económico na China, uma conclusão rápida se pode tirar: não vai haver abrandamento na crescente procura e consumo global de petróleo, mesmo com a escalada dos preços, mesmo com pequenos efeitos recessivos nas economias norte-americana e europeia ao mesmo tempo que economias do terceiro mundo em África e na América Central entram em ruptura, mesmo que comece a doer ao bolso do consumidor. A competição pelo "ouro negro" não dá mostras de cansaço na economia global.

Pois aí está a China, imparável, a 5 anos de se tornar a maior exportadora mundial, explica o Vermelho:

"A China pode superar os Estados Unidos e a Alemanha e se tornar a maior exportadora mundial até 2010, segundo estudo divulgado anteontem (16) pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nos próximos cinco anos os bens e serviços chineses deverão representar cerca de 10% do comércio mundial, contra os atuais 6%, segundo o estudo.

O atual ritmo de crescimento econômico da China, em média de 9% ao ano nos últimos 20 anos, não dá sinais de desaquecimento, diz a OCDE, que lembra, no entanto, que os salários no país continuam baixos e a desigualdade social vem crescendo, não só entre as regiões urbana e rural (os salários no interior do país são cerca de dois terços menores que os pagos nas cidades) mas mesmo dentro das províncias costeiras, onde o crescimento é mais significativo."


Fontes:
Diário Vermelho
Al-Jazeera

Saturday, September 17, 2005

O Comércio global é vulnerável a petróleo caro
A China vai perder vantagem de exportação dizem economistas


Heather Scoffield, Globe and Mail (Canada)

O preço do petróleo está capaz de escalar tão alto que pode mudar dramaticamente a dinâmica do comércio global e forçar as companhias a procurar mais perto de "casa" por importações e exportações, diz um novo documento feito pelos economistas do CIBC (Comercial Imperial Bank of Commerce).
Os empresários norte-americanos vão ser empurrados de volta para o México e a América Latina e para fora da China e da Ásia, pelo menos nas rotas comerciais de alguns tipos de produtos, à medida que o petróleo torna os custos de embarque proibitivos, diz Jeff Rubin e Benjamin Tal, economistas na CBIC World Markets.

"Subitamente, os exportadores chineses vão parecer mais e mais longe dos mercados da América do Norte, enquanto outros, como o México, estão prestes a ganhar uma nova oportunidade de negócio," dizem eles num documento apresentado quarta-feira. Eles prevêm que o preço do crude chegue aos $100 (US dólares) o barril em fins de 2007 -- um alerta agressivo -- e o preço de embarque de mercadorias manufacturadas vai crescer em consonãncia.
De facto, os custos de transporte podem subir a um ponto que se tornam uma barreira para o comércio global, e isso pode já estar a acontecer, dizem os economistas. "Isso poderia bem deitar por terra os esforços de liberalização do comércio das últimas quatro décadas," disse o sr.. Rubin numa entrevista ontem.

...mercadorias que que custam muito pelo embarque vão ser as mais afectadas. Da China, essa lista incluiria roupa, mobília, calçado, metais, texteis e maquinaria industrial.
...muito do argumento da CIBC World Markets depende nos empresários acreditarem que o petróleo vai de facto continuar a escalada, e manter-se caro por algum tempo, disse Bernie Wolf, director do programa internacional MBA na Universidade de York.

"O mundo não muda por 10 reis de mel coado," ele disse. "Tu não vais fazer mudanças se não estás certo que estas mudanças são relativamente permanentes"

Fontes:
Global and Mail
(O artigo de 9 de setembro de 2005 já foi parcialmente removido)

Energy Bulletin

Wednesday, September 14, 2005

A Peak Oil Survival Manual (Part I)

by Richard Heinberg

MuseLetter #161 (September 2005)

During the past months many readers have contacted me to ask how they personally should prepare for Peak Oil: should they move, and where? How should they invest their savings? Should they quit school or go to school to learn new skills? Should they change careers? Since I am neither an investment counselor nor a fortuneteller, I feel uncomfortable answering these sorts of questions. Nevertheless, it is possible to compose some sort of useful reply based on general knowledge and common sense.

I suppose that, in the context of our litigious society, I should preface what follows with a disclaimer: Think for yourself. Don't take my advice unless you have thought through your personal situation independently and have come up with conclusions similar to mine.


Why does Peak Oil Imply an Economic Crash?

First, before suggesting responses to Peak Oil, I should reiterate why you are likely to be personally economically impacted by the event. That we each will is not intuitively obvious to everyone: I have heard from quite a few people who believe that peaking will occur far enough in the future that we will by then have found substitutes for oil; or that the yearly shortfalls in oil production after peak will easily be made up for through efficiency measures (such as increasing the number of gasoline-electric hybrid vehicles on the road or building hydrogen-powered vehicles). The latter assertion seems to be supported by a recent study by Amory Lovins and the Rocky Mountain Institute, "Winning the Oil End Game".

With regard to both points, I would refer readers once again to the Hirsch Report (see MuseLetters 158 and 160), "Peaking of World Oil Production: Impacts, Mitigation, & Risk Management", prepared by SAIC for the US Department of Energy and released in February this year. Hirsch, et al, conclude that "The problems associated with world oil production peaking will not be temporary, and past 'energy crisis' experience will provide relatively little guidance". They also note that efficiency measures will not be enough to forestall dire impacts, nor will it be possible to develop new supplies of alternative fuels quickly enough to avert shortages. The Report's authors also dismiss the oft-heard claim that the Market will solve any shortage problem (because higher oil prices will stimulate investments in alternative energy sources, more efficient cars, and so on). Hirsch et al maintain that "Intervention by governments will be required, because the economic and social implications of oil peaking would otherwise be chaotic".

Of course, government intervention of the kind and scale envisioned by the Report's authors is not currently occurring (in the US, anyway), and, prior to peak, is unlikely to do so because of the resulting career costs to politicians within the current American political climate. One only has to look back to Jimmy Carter's failed attempt, in the late 1970s, to warn the American people of the impacts of increasing US dependence on oil imports, and to the price he paid for his efforts, to appreciate these likely costs. In a two-party system, one party's calls for economic moderation are likely to be trumped by the other party's appeal to voters' higher material aspirations.

The situation internationally is a bit more encouraging: the Oil Depletion Protocol (see MuseLetter #160) will be a tough sell to Washington officials, but other countries are more likely to show interest in it, and I expect we will see at least nation sign on before the end of 2006. In addition, people in other countries are less energy-dependent to begin with: Americans use twice the energy per-capita as Europeans, forty times as much as people in the poorest nations. In other words, Americans have further to fall, and more expectations to be dashed along the way.

All of this has personal implications for individuals, especially in the US. Regarding the first point above (that peaking is unlikely to occur for at least a decade), I would encourage readers to ponder the question: How long would it take you personally to prepare for an entirely different economic climate - one characterized by dramatically higher energy costs, high unemployment, and reduced mobility? I would also advise careful reading of Chris Skrebowski's study, "Oil Field Megaprojects", updated in the April 2005 issue of Petroleum Review, which finds that new oil production capacity now in development will be unable to replace even half of new capacity that will needed over the next five years. The Hirsch Report forecasts dire consequences if efforts at impact mitigation are not initiated twenty years prior to the global peak; but if Skrebowski is right, we may have a mere one to three years before the event.

The Hirsch Report may be overly optimistic in another respect - in that it doesn't take into account the inherent fragility of the US economy resulting from decades of rising imports relative to exports, low savings rates, the hollowing out of the national manufacturing base, the explosion of government debt (especially during the past four years), and the substitution of speculation (for example, derivatives) for investment in infrastructure and productive capacity. Even if Peak Oil were not an issue, the American economy is still headed for a "correction" of historic proportions.

In sum, there are very good reasons for assuming that the effects of the global oil peak will be severe, that they will begin to appear quite soon, that they will affect you personally, and that - even if predictions of a near-term peak are still controversial - it would nevertheless be prudent to begin personal response efforts immediately.


Think Great Depression

Most readers of my books, or long-time subscribers to MuseLetter, will not have needed the few paragraphs of introduction above in order to be convinced of the need for action. But I hope the exercise was helpful in any case (if you are a Peak Oil convert, you may wish to share this essay with friends).

So: what to do?

The first thing I would suggest is to get some idea of what to expect. This can only be a general idea at best, as the behavior of large chaotic systems is hard to predict, and the world is both very large and very chaotic. Yet if we don't know what to expect, it's hard to prepare.

Of course, fuel will cost more, but so will food and just about everything else that has inherent value. Unemployment will increase, as will bankruptcies and foreclosures. These sorts of trends will likely lead to social unrest and, most likely, government repression.

Once you have thought through some of the mutually catalyzing implications, next begin to adjust your worldview to this future reality. Do some thought experiments: place yourself in the post-peak world and imagine what you could do, what you would like to do, how you would be challenged, and how you might contribute.

Here, as in so many instances, a little history is helpful. The past is never an exact guide to the future, but it may be possible to get inklings about life in our energy-starved future by identifying and examining other periods of shortage or privation, or other societies that have faced similar challenges. Past object lessons include the Great Depression of the 1930s (and some of the nearly-great depressions that are less often mentioned - such as those of the 1890s, 1907-8, and 1921), and the Cuban "Special Period" (1990 to 2000). Of course, we needn't necessarily look to the past for examples: Readers who have traveled to poor areas in Third-World nations will already have some personal knowledge of what it is like to live with much less energy, or in a country where unemployment figures are several times what we have been used to in post-World War II America.

The first lesson we are likely to take away from any such thought exercise is that dire conditions bring out both the best and worst in people. Some individuals seek unfair advantages; others tend to crumble psychologically, especially when privation comes on suddenly. However, many others quickly learn to cooperate, or discover unsuspected resources of creativity within themselves. Indeed, in hindsight times of extreme social stress are often searingly memorable, as Chris Hedges documented in his book War Is a Force that Gives Us Meaning, and as also becomes clear from the interviews collected in Studs Terkel's Hard Times: An Oral History of the Great Depression.

So if this is the case, one of our main goals in approaching "times that try men's souls" must be to make sure that we are among those who are psychologically prepared to respond to stress positively. Here you, the reader, should take heart: the fact that you are willing to contemplate the likelihood of a deeply challenging future and to prepare yourself for it - rather than to sink into denial or distraction - is strong evidence that you are the type of person who is likely to respond well under stress, and who will likely be a leader and catalyst for positive responses within your community.

Thinking about hard times is not a morbid pastime; it is a healthy exercise in realism. The world around us - in which most people are living in less-than-sublime ignorance while the ecological basis of their very existence is eroding from beneath them - is a seductive dream-world. As you confirm this for yourself, begin to awaken from that dream (or nightmare) and live a greater proportion of each day in more direct contact with reality. Turn off your television. Get outside and garden; pay attention to nature. Pare down, scale back, and adjust your expectations.

Appreciate simple pleasures. As you do, you may enjoy momentary epiphanies. Here is an example of one of my own. My wife and I drink tea, and, several months ago, we became curious about how tea is produced. We did some quick research. It turned out that we already had a tea bush growing in our yard (well, close enough - the proper plant is Camellia Japonica, while we have a Camellia Sinensis). We harvested some tender young leaves, heated them, and vigorously kneaded them by hand for almost half and hour. It was soon evident to us that producing tea for oneself is a very labor-intensive process. Now when I make a cup of tea, I still usually just reach into the cabinet and pull out a store-bought tea bag. However, I have a very different attitude toward the tea bag and the tea inside: I don't take it for granted to nearly the same degree as I did before. And as a result I enjoy my cup of tea far more keenly. Suppose this were my last teabag and the stores were closed for good, or had no tea to sell. How might I savor my cup of tea then?

What else am I taking for granted? Maybe this is one of the last times I will ever enjoy the convenience of any of a thousand little things. We might as well make the most of whatever comforts we currently enjoy while we have them; the main caveat is that we not be distracted by them from the job of adjusting ourselves to the coming reality.

Of all the high-energy benefits to savor, perhaps the most fuel-dependent and thus transitory is long-distance travel. I have taken some flak for advising young people to travel internationally before air fares become prohibitively expensive: after all, more air travel means more fuel used, more pollution generated. How irresponsible of me! Yet the timeframe in which such travel will be possible may be very narrow, and the benefits may be great. For Americans who have known only Mall Culture all their lives (and I am addressing these comments especially to Americans), a short low-budget visit to Europe or a poor African, Asian, or Latin American nation could be an experience to last a lifetime, and one to be passed down to children and grandchildren. Conserve energy, yes. Drive less. Stay at home and tend your garden. But do not reflexively pass up a fleeting opportunity to see what life is like in other cultures.


Where Do You Want to Be?

Before undertaking really serious preparations, you should decide where you want to make your stand. There's no sense setting down deep roots in your community, or investing a substantial portion of your savings in retrofitting your house for energy efficiency, if you are in the wrong place to begin with.

But what is the wrong place? What is the right place? Only you can decide. In order to do so, you will need to develop criteria by which to judge. A few of the obvious ones include weather, soil, politics, culture, and the condition of both the economy and the natural ecosystem.

A small community may offer survival advantages over a large city. A city with a good public transportation system may be preferable over one without. A region to which food, water, and other basic necessities must be imported is probably not a good place to invest for your future, despite its other positive attributes.

If your current home community tests poorly for many of these criteria, begin drawing up a list of alternative areas.

There is a non-rational or super-rational aspect to this discussion. All of the study of objective criteria in the world will still miss important things. How does a place feel - to you? It may be better to survive a mere decade in a place that gives you joy than to soldier on for half a century in an environment that is merely survivable. Age plays a role here: the calculus looks different if you are twenty than if you are seventy (and this is true for a lot of preparation efforts).

How much personal investment have you already made in your place? The proximity of friends and family should not be given too little weight. Moreover, the advantages of living in a small community (as mentioned above) are less likely to be realized by perceived newcomers than by established community members. Community organizing can best be done in a place where people already know you. Trust requires time.

If your current place of residence still doesn't look good, start a search. Get an atlas or do online surfing regarding the criteria you have established.

Relocation may entail moving not just to a different town or state, but to another country. This may be especially true for Americans who are concerned about the current political climate in their country.

The challenges of relocating to another country may include the needs for fluency in another language, for a job offer in the new country, for a substantial sum of cash with which to buy one's way past residency restrictions, and for adapting to a different culture.

Americans of my acquaintance are considering relocating to Canada, Europe, New Zealand, Costa Rica, and Mexico.

If you are thinking of relocating, scout prospective sites thoroughly. The costs of relocating are high, and you don't want to make a mistake. And that is easy to do: favorable impressions from tourist visits may not provide an adequate basis for judgment (this, at any rate, is what I am told by some friends who recently moved to Hawaii and are now considering moving back).

I have heard of a few people living nearly full-time on sailboats: for those who love the sea, who are comfortable with a constantly mobile existence, and who cannot make up their minds which nation to set roots in, this could be an option worth considering.

If you plan to move and currently own your home, sell soon. The US housing bubble cannot remain inflated much longer, given pressures from climbing energy costs (not only of oil, but of natural gas as well) that are just starting to work their way through the economy as a whole. You might end up with a bundle of cash. But in that case there is the problem of how to preserve its value (we will turn to that subject in the next installment of this essay).

In case you're wondering, my wife and I have no current plans to move. In all, northern California is not a bad place to be, and we do not wish to give up the social capital we have accumulated here. I have no intention of abandoning my work at New College. Moreover, moving would consume all our time and personal energy for at least two or three months, and I am more interested in spending that time doing what I can to make the Peak Experience as survivable as possible for all of us.

(To be continued)

Richard Heinberg is the author of Powerdown - Options and Actions for a Post-Carbon World. He is a journalist, educator, editor, and lecturer, and a Core Faculty member of New College of California, where he teaches courses on "Energy and Society" and "Culture, Ecology and Sustainable Community."

If you wish to republish any of these essays or post them on a web site, please contact rheinberg@museletter.com for permission.

http://www.museletter.com/

Monday, September 12, 2005

"It can be said that the U.S. economy is run either very well or very badly. On the plus side, companies are lean, and downsized as needed to stay profitable, or at least in business. There are bankruptcy laws that weed out the unfit and competition to keep productivity going up. Businesses use just-in-time delivery to cut down on inventory and make heavy use of information technology to work out the logistics of operating in a global economy.

On the minus side, the U.S. economy runs ever larger structural deficits. It fails to provide the majority of the population with the sort of economic security that people in other developed nations take for granted. It spends more on medicine and education than many other countries, and gets less for it. Instead of a single government-owned airline, it has several permanently bankrupt government-supported ones. It spends heavily on law enforcement, and has a high crime rate. It continues to export high-wage manufacturing jobs and replace them with low-wage service jobs. As I mentioned before, it is, technically, bankrupt."

Dimitry Orlov, excerto do ensaio "Lições pós-Soviéticas para um século pós-Americano"

Uma análise não-marxista mas razoavelmente correcta, acerca de uma economia insustentável e a sua tendência para o colapso. Mas apenas uma espreitadela de uma análise mais profunda que tem em conta o Pico do Petróleo.

Sunday, September 11, 2005

A situação energética na Europa

Analisada na newsletter da ASPO.
Ainda sobre o Katrina

Há por aí muitas vozes de pessoas de esquerda (e não só) que revelam uma grande ignorância ao atribuirem ao desastre natural do Katrina uma nova fonte de negócio e lucro para os EUA.

É profundamente irritante, para mim que sou até bastante dos crítico do imperialismo americano, esta visão senilmente moralista e ortodoxamente dogmática dos acontecimentos que afectam os EUA. Isto são as mesmas vozes que disseram que o Iraque seria um mar de rosas do ponto de vista económico e de opurtunidades de lucro e mesmo depois de notícias se sucessivos orçamentos rectificativos, da escalada dos custos da guerra e do galopante avolumar dos défices de interno e externo americanos ainda acham que isto é tudo muito bom para os americanos.

Pois bem aqui está uma notícia que revela que nas guerras de Afeganistão e Iraque já se gastaram 300 biliões de dólares, enquanto o défice externo galopa acima dos 700 biliões de dólares.

E ainda... e ainda se calcula que com o Katrina, onde já se gastaram 62 biliões de dólares, se vá atingir um total de custos à volta de 200 biliões de dólares.

Há toda uma mentalidade na esquerda, que os EUA são uma espécie de Deuses com uma varinha mágica para desfazer um rombo adicional superior a 25% nos défices com um gesto tipo "abra cadabra" (e ainda ganhar com isso!).

Pois, então convém lembrar a esta esquerda que a economia não é um filme da Walt Disney, e estes analistas de esquerda que se dizem materialistas deviam sabê-lo melhor que ninguém.

Saturday, September 10, 2005

10 de setembro de 2005

Michael Ruppert tem razão!

QUEM ATACOU QUEM?

Granma: Incógnitas sobre o 11 de setembro


Por Joaquín Oramas

Às críticas que chovem sobre a administração George W. Bush por sua imprevisão e inércia diante da ameaça real do furacão Katrina, que assolou vários estados da União, se somam revelações que criam verdadeiras incógnitas, ao se completarem quatro anos dos atentados contra as torres do World Trade Center de Nova Iorque e o Pentágono, com o saldo de milhares de vítimas.

Em 11 de setembro de 2001, um helicóptero da polícia de Nova Iorque sobrevoou o World Trade Center dois minutos depois que a primeira torre desabou, no pior ato de terrorismo sofrido pelos EUA em sua história. Faltavam 21 minutos para que caísse a segunda. "Mais ou menos 15 andares acima estão em chamas. É inevitável", disse o piloto por rádio. Segundos depois, outro piloto disse: "Não creio que resista muito tempo. Eu evacuaria todos da área do segundo edifício".

A polícia de Nova Iorque recebeu o chamado. Os encarregados de incêndios e resgates, não. Conseqüentemente, dezenas de policiais e vários bombeiros morreram na queda da segunda torre. Nesse mesmo dia, foi impossível a comunicação entre os 50 corpos de segurança da cidade de Washington, a localidade de Maryland, no estado da Virgínia e com o corpo de bombeiros do condado de Arlington, que comandava a operação de resgate no Pentágono.

Estes erros voltaram a golpear o público estadunidense quatro anos depois da tragédia que acabou com a vida de 3 mil pessoas, com a difusão de milhares de páginas de transcrições de gravações das comunicações de sobreviventes e vítimas.

Estes comovedores documentos foram entregues pelo Departamento de Bombeiros da cidade de Nova Iorque, depois de que o diário The New York Times os solicitou ao governo local, com amparo da Lei de Liberdade de Informação.

Por que os sistemas de comunicação falharam de maneira tão flagrante num país reconhecido por seu progresso tecnológico?

A comunicação por rádio é fundamental para as agências de segurança pública, incluindo aquelas a cargo da "primeira resposta", como se sabem os que respondem imediatament ao chamado de danificados por sinistros, como bombeiros, policiais e serviços de ambulâncias. A tecnologia de rádio é planejada para que dois ou mais aparelhos interconectados funcionem dentro de determinado espectro de freqüência.

Em 11 de setembro de 2001, não havia uma freqüência designada às agências de segurança pública. E tampouco hoje existe. Como resultado, houve escasso intercâmbio entre os departamentos da Polícia e dos Bombeiros, na cidade de Nova York, apesar de que depois do primeiro atentado contra as torres, em 1993, tenha sido criado um Escritório de Gerenciamento de Emergência na metrópole.

Sobre os acontecimentos do 11 de setembro, revelou-se recentemente um documento emitido pelo professor de Economia, Morgan Reynolds, ex-chefe do Trabalho durante o primeiro mandato do presidente Bush, que considera falsa a versão oficial sobre o colapso do World Trade Center. Considera como mais provável que uma demolição controlada tenha destruído as torres gêmeas e o edifício adjacente, reconhecido como "número 7".

Reynolds, atualmente professor emérito da Universidade do Texas, afirma que as conclusões científicas sobre o colapso das torres poderiam ser as chaves da misteriosa conspiração que está por detrás do 11 de setembro. Acredita também que é quase impossível que 19 terroristas árabes tenham podido burlar os poderosos militares dos EUA.

Em suas revelações, Reynolds assinala que a versão oficial de que o combustível inflamável dos aviões causou a explosão das torres tem sido difícil de refutar porque, não obstante o desacordo de numerosos investigadores, a maior parte das evidências foram removidas pela Agência Federal de Gerenciamento de Emergências. O pessoal da entidade retirou rapidamente as estruturas de aço, antes que pudessem ser analisadas. Inclusive, apesar de o Código Penal determinar que a evidência da cena de um crime seja guardada para análise forense, a agência a destruiu ou a levou ao estrangeiro, antes de se efetivar uma investigação rigorosa.

O professor revela alguns fatos que denunciam as falhas da versão do combustível incendiado.

Há fotos que demonstram gente caminhando pelo porão da Torre Norte na qual supostamente ardiam 10 mil galões de combustível do avião de passageiros.

Quando a Torre Sul foi atingida, a maior parte das chamas da Torre Norte já tinham desaparecido, depois de ter ardido durante apenas 16 minutos. O que as tornava relativamente fácil de conter e controlar sem uma derrubada total. O fogo não se expandiu com o tempo, provavelmente porque se acabou rapidamente o combustível e se estava sufocando, o que indica que sem artefatos explosivos adicionais, tivera sido fácil controlar os incêndios.

Sobre o assunto, o relatório assegura que os bombeiros do Departamento de Incêndios de Nova York continuam sob uma estrita ordem de silêncio do governo para que não se discutam sobre as explosões que ouviram, sentiram e viram.

Inclusive, o deficiente relatório da Comissão Investigadora do 11 de setembro reconhece que nenhum dos chefes de bombeiros presentes acredita que fosse possível um colapso total de nenhuma das duas torres.

Nunca antes, edifícios com armação de aço tinham sido derrubados por incêndios. Por outro lado, o edifício WTC-7 não foi danificado por um avião e sofreu apenas dois incêndios menores nos andares 7 e 12 de sua estrutura de 47 andares, mas caiu em menos de 10 segundos.

Os WTC-5 e WTC-6 registraram violentos incêndios, mais não caíram, apesar de que suas vigas de aço eram muito mais finas que os outros.

Igualmente se considera impossível que fogos de combustível para jato (querosene) elevem a temperatura do aço até o ponto aproximado de fusão. Por último, o professor Reynolds conclui afirmando que a história do governo não tem apresentado importantes restos dos quatro aviões utilizados nos ataques terroristas. "A conhecida foto do lugar da queda do vôo 93, no Estado da Pensilvânia, não mostra a fuselagem nem um motor, nem nada que possa ser reconhecido como resto de um avião; só um buraco fumegante no solo. Não se permitiu que os fotógrafos se aproximassem do buraco", afirmou finalmente.

Publicado no Granma Internacional de 9 de setembro de 20

in www.vermelho.org.br/

Thursday, September 08, 2005

Repsol YPF reconhece o Pico do Petróleo (ou "Cenit del Petróleo" como se diz em espanha)

A notícia bombástica vem no site espanhol "Crisis Energética". O site oficial dos membros da ASPO espanhóis.

A prova desta declaração está numa revista chamada First Break. Vejam por vocês:

Em duas páginas, 1 e 2.
A objectividade do Pico do Petróleo

O sítio "The Cost of Energy" tira importantes e objectivas conclusões sobre o Pico do Petróleo.

E num assunto tão complexo e díficil de digerir, não há nada mais importante do que ser objectivo.

A análise objectiva pode ser encontrada aqui. Sintético, objectivo e por pontos.

Monday, September 05, 2005

Dick Cheney:

"Do ponto de vista da industria petrolífera obviamente - e eu falarei mais tarde sobre o gás n. - durante mais de 100 anos nós como industria tivemos de lidar com o xato problema de uma vez que se encontra petróleo e se extrai para fora do solo, tem de se ir dar uma volta e encontrar mais ou ir à bancorrota.

Produzir petróleo é obviamente uma actividade auto-declinante (auto-depleting). Todos os anos tu tens que descobrir e desenvolver reservas iguais ao teu output só para permanecer na mesma, só para ficar empatado. Isto é tão verdade para companhias como é verdade, num sentido económico mais alargado, para o mundo."

[comentário] - Isto é uma descrição do pico do petróleo, tanto num campo individual como no mundo. O processo é o mesmo encontra-se o petróleo, extrai-se a uma taxa crescente, atinge-se o pico (a taxa de extracção máxima), e a partir daí a taxa entra em declínio, aumentando também o custo da extracção até se tornar economicamente inviável.

"Uma nova companhia fundida como a Exxon-Mobil terá que decobrir 1 bilião e meio de barris de novas equivalentes reservas de petróleo todos os anos só para substituir a produção existente. É como fazer 100% de interesse, descobrir mais um grande campo de uns 500 mihões de barris equivalentes cada 4 meses ou descobrir 2 Hibernias por ano.

Para o mundo como um todo, das companhias petrolíferas é esperado que continuem a encontrar e desenvolver suficiente petróleo para cobrir a nossa depleção de 71 milhões de b/d a mais, mais cobrir a nova procura (o crescimento do consumo). Para algumas estimativas vai haver uma média de 2% de crescimento anual na procura global de petróleo nos anos daqui para a frente além de conservadoramente 3% de declínio natural na produção de reservas existentes. Isso significa que lá para 2010 iremos precisar na ordem de 50 milhões de b/d adicionais."

[comentário] - E isto explica a subida sustentada dos preços do petróleo, isto é, subida não volátil, os preços sobem e mantém-se num patamar elevado para depois continuar a subir. Estando as estimativas de Dick Cheney certas, existe uma nessecidade de petróleo, sem exagero (as taxas de crescimento do consumo e declínio natural são até superiores ao estimado), que não está a ser atendida, no entanto nada parece parar o crescimento do consumo e o acelerar do declínio natural dos campos maduros. Ou seja, o mundo está a devorar o petróleo a uma velocidade superior à velocidade máxima de extracção petrolífera. Por isso a capacidade extra de extracção evaporou. Havendo uma necessidade, que não é inteiramente atendida, de um produto no mercado do capitalismo ele naturalmente torna-se mais caro sustentadamente. Desde o barril a 10 dólares no momento do discurso de 1999 do Dick Cheney até ao recorde de 70 dólares de 2005, agora. Um problema sem solução há vista porque estamos no Pico do Petróleo.

"Portanto, de onde virá o petróleo?

Os governos e as companhias petrolíferas nacionais estão obviamente em controlo de 90% do bolo. O petróleo continua a ser fundamentalmente um negócio estatal. Enquanto muitas regiões do mundo oferecem grandes opurtunidades petrolíferas, o médio oriente com 2/3 do petróleo mundial e o de mais baixo custo, é ainda onde o prémio se encontra, ainda que as companhias estejam ansiosas pelo acesso a lá, o progresso continua a ser lento."

[comentário] - Sem querer aborrecer com o óbvio. Lembram-se da guerra no Iraque?

Novembro de 1999, excertos (traduzidos) do discurso como Chairman da Halliburton no London Institute of Petroleum
Pico do Petróleo: Chávez e Fidel sabem! - Parte II

Published on Friday, July 1, 2005 by Cuba National News Agency

Fidel Castro warns about energy crisis


By AIN staff
Havana, June 30 (AIN) Cuban President Fidel Castro warned Caribbean heads of state about an upcoming energy crisis and environmental problems caused by uncontrolled exploitation of natural resources and the "crazy waste" of oil-derived energy, according to the press of the Venezuelan Presidency.

"The crisis is more serious and deeper than imagined", said the Cuban President during his speech at the inaugural session of the First PetroCaribe Energy Summit of Caribbean Heads of State and Government, which held sessions Wednesday in the Venezuelan locality of Puerto La Cruz, in the state of Anzoástegui, with the attendance of 15 Caribbean nations.

Fidel Castro said that political and economic problems facing the governments of the western continent add to the situation that stems from the energy crisis. "Fuel begins to be scarce, that has been proved by irrefutable studies", said Fidel Castro.

President Castro said that the crisis is just around the corner, "it will take place during the current decade", he said. Reserves are no longer enough and the current offer can not meet the demand due to the crazy waste of oil, stemming from extreme consumption.

No Caribbean country will be able to purchase oil once its price reach 100 dollars a barrel, said Fidel Castro.

"The US administration knows this problem very well, or there would be no explanation to such a crazy and brutal war, which Washington has waged in that part of the world (meaning Iraq) with no cause at all and by deceiving the whole world and the US people. They (The US) do know more than all of us about the existence of oil reserves; they know that the largest oil wells were already found and there are few left, said Fidel Castro.

In his speech, President Castro said that it will be difficult to find a more generous man than President Hugo Chavez. "He has been accused of giving away Venezuela's oil, those are intrigues, lies, campaigns, which can not mirror his greatness, his sense of responsibility with this hemisphere" said the Cuban President.

"I have known President Chavez for 10 years, I´m aware of his sensitiveness, his generosity and his sense of duty. I wish that there were some leaders like him in the world", said the Cuban Revolution leader.

Fidel Castro said that the survival of our countries will not be possible without the unity or relationship, which is being promoted by Venezuelan President Hugo Chavez.

~~~~~~~~~~~~~~~ Editorial Notes ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Is this the first time a head of state has spoken so bluntly about the current energy crisis?

I tried to find other news articles about the speech, but this piece from Cuba seemed to be the only one readily available.

There were many stories about Castro, Chavez and the PetroCaribe Energy Summit such as this one from AP: Caribbean plan for cheap regional fuel.

-BA
Article found at :
http://www.energybulletin.net/newswire.php?id=7037

Original article :
http://www.ain.cubaweb.cu/idioma/ingles/2005/jun30fidel-energia.htm
Published on 1 Apr 2005 by Harper's Magazine. Archived on 9 Apr 2005.
Published on 7 Feb 2005 by CommmunitySolution.org. Archived on 19 Feb 2005.


in Energy Bulletin
Pico do Petróleo: Chávez e Fidel sabem! - Parte I

Published on 12 May 2005 by Scotsman.com. Archived on 12 May 2005.

World Facing Energy Crisis Say Oil Producer (President Chavez says)

by PA

The world is about to face an energy crisis because the demand for oil keeps growing even though production is already at its maximum, Venezuelan President Hugo Chavez said yesterday.

Chavez, whose country is the world’s fifth largest crude oil exporter, said that all OPEC members were “producing at full steam.”

“There’s a worldwide energy crisis around the corner,” Chavez told reporters at the end of the first Summit of South American-Arab Countries in Brazil.

“Especially because the US and other developed countries, but more so the US, have built a way of life based on the wasteful consumption of oil, which is non-renewable.”

Representatives of eight of the 11 OPEC members were present at the summit, which did not have energy on its official agenda.

“We are producing at maximum capacity,” he said, adding that non-OPEC members such as Russia and the US were doing the same.

Leaders and high-ranking government officials from 12 South American and 22 Arab countries ended the summit yesterday with a commitment for closer political and economic ties, while also staking out positions at odds with US policy on several fronts.

They rejected terrorism “in all its forms and manifestations,” but also called for an international forum to define terrorism, saying the current definition has been set by wealthy countries.

Jewish groups said another clause in the declaration encourages terrorism by defending the right of people “to resist foreign occupation.”

The summit document said that trade liberalisation talks promoted by developed nations like the US could benefit the global economy, but current rules of international commerce “widen the gap between developed and developing countries.”

Absent from the summit were some of the strongest voices in the Arab world, including the leaders of Egypt, Saudi Arabia, Jordan and Syria.

And Argentine President Nestor Kirchner jetted out the night before the summit ended in a move seen as a snub of Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva.

Argentina and Brazil, the continent’s two largest economies, have historically jockeyed to be South America’s leading power. And Kirchner is reportedly upset with Silva’s insistence that Brazil – not Argentina – should get a permanent seat on the UN Security Council.

Kirchner did manage to get something of Argentine interest into the declaration: a call for Britain to hold negotiations with Argentina over the sovereignty of the disputed Falkland Islands.

Britain won a war with Argentina in 1982 after it invaded the islands, called the Islas Malvinas by the South American country.

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Original article available here.

in Energy Bulletin

Sunday, September 04, 2005

O aviso do Katrina - Uma visão do apócalipse


Por Mauro Santayana*

«Já existem alguns relatos que prevêem uma nova Idade Média, como conseqüência de uma grande catástrofe natural. O que está ocorrendo em Nova Orleans é muito próximo disso. Se o vendaval atingisse Nova Iorque com a mesma intensidade e os mesmos resultados (o que parece improvável, tendo em vista o nível natural das águas em uma e outra cidade), a utopia negra poderia cumprir-se. Com o colapso da cabeça econômica do mundo, a desordem organizada pelo capitalismo poderia ser vencida pela ordem desorganizada da natureza. Sem energia, sem luz, sem abastecimento de água, Nova Iorque se transformaria no escritório central do inferno.

Por mais poderosos sejam os Estados Unidos, eles estão calculando mal a sua força. Golpeados pelas guerras que movem e são incapazes de ganhar (porque não basta destruir um país para vencer a sua sociedade), foram agora advertidos pelo furacão, cujos resultados superam os de um grande bombardeio convencional. A tragédia traz outras revelações adicionais: o Sul continua o Sul, com a maioria dos negros na miséria. Eles constituem a maior parte dos atingidos pela catástrofe, como mostram as imagens divulgadas pelo mundo. Os ricos, predominantemente brancos, puderam sair antes, e se encontram em bons hotéis e “resorts”. Os pobres se dividem entre os que morrem e os que saqueiam.

Daqui a algumas horas, conforme se podem prever, outros pobres chegarão: para matar. São os mercenários do Exército e da Guarda Nacional, que o desemprego empurrou para as fileiras. Não foram destinados a matar no Iraque, mas poderão ganhar suas cruzes de combate, matando os próprios compatriotas.»

excerto de artigo no vermelho
Isto é incrível! É dantesco! Enfim, sem comentários...

Katrina
Presos abandonados se jogaram de janela em Nova Orleans


Numa tentativa desesperada para fugir da enchente depois da passagem do furacão Katrina, os presos da penitenciária de Nova Orleans pulavam das janelas de suas celas e caíam sobre arames farpados, ficando depois à espera de socorro. Outros, morriam afogados nas celas inundadas, contou Luis Reyes, um guarda penitenciário. Reyes acrescentou que foram necessários três dias para retirar os prisioneiros que, durante todo esse tempo, ficaram sem comida ou bebida. "Houve muitos mortos", acrescentou.

Os prisioneiros contaram que não queriam amotinar-se, mas que precisavam de água e comida. "Não tínhamos nada para lhes dar porque tudo estava debaixo d'água", disse Reyes. O funcionário contou que, numa prisão vizinha "os detidos começaram a pular pelas janelas, caindo sobre arames farpados". "Outros chegavam a se pendurar nas janelas para beber da água trazida pela inundação, apesar de contaminada pelas próprias fezes e urina", afirmou.

Cerca de cinco mil detidos finalmente foram reunidos sobre uma ponte, à espera de serem retirados da cidade. Na quinta-feira, muitos foram levados de caminhões para outros estabelecimentos penais. "Demos comida e água a eles mas estavam furiosos por terem sido abandonados à própria sorte", contou o funcionário, obrigado a ficar no local, junto com sua família. Finalmente na sexta-feira, chegou o auxílio esperado.

A informação é da agência France Presse

in vermelho

Saturday, September 03, 2005

Censura dos paladinos da liberdade?

Não resisto a partilhar um artigo que li na Aljazeera que demonstra a hipocrisia da censura caridosa não com os pobres e vítimas da catástrofe mas com o presidente Bush (!) no país que se auto-proclama de mundo-livre e defende a sua imprensa privada como independente com chavões de free press e free media. Quanto descarado servilismo fazem estes promotores da guerra ao seu duce!

Rapper accuses Bush of racism

Saturday 03 September 2005, 14:27 Makka Time, 11:27 GMT

Rapper Kanye West has surprised viewers of an NBC benefit concert for Hurricane Katrina victims by accusing President George Bush of racism.

"George Bush doesn't care about black people," West said from New York during the show aired live on Friday on the East Coast on NBC, MSNBC, CNBC and Pax, just before cameras cut away to comedian Chris Tucker.

West, who is black, suggested moments earlier that delays in providing relief to survivors of the hurricane that hit the US Gulf Coast on Monday and flooded New Orleans were deliberate.

He said America was set up "to help the poor, the black people, the less well-off as slow as possible".

"We already realised a lot of the people that could help are at war right now, fighting another way, and they've given them permission to go down and shoot us," the Grammy award-winning singer, who was paired with comedian Mike Myers, also said in what NBC described as unscripted remarks.

The rapper was apparently referring to shoot-on-sight orders issued to National Guard troops to halt violence and looting in New Orleans.

Media attacked

West also criticised the media's portrayal of blacks, saying: "I hate the way they portray us in the media. If you see a black family, it says they're looting. See a white family, it says they're looking for food."

In a statement, NBC said: "Kanye West departed from the scripted comments that were prepared for him, and his opinions in no way represent the views of the networks.

"It would be most unfortunate if the efforts of the artists who participated tonight and the generosity of millions of Americans who are helping those in need are overshadowed by one person's opinion."

[Quanta hipocrisisa é precisa para defender o presidente Bush?]

The programme, hosted by Matt Lauer of NBC News, urged viewers to donate to the American Red Cross Disaster Relief Fund.

It included 18 presenters, and featured performances by New Orleans natives Harry Connick Jr and Wynton Marsalis, as well as Louisiana native Tim McGraw and Faith Hill of Mississippi, which was also struck by Katrina.

in Aljazeera.net

Friday, September 02, 2005


Cidade do Primeiro Mundo mergulha no Terceiro

Por Mary Dejevsky*

Existe algo de primitivo e poderoso nas tempestades e enchentes, uma qualidade à qual fogo, pestilência e pragas não conseguem se equiparar.

As notícias que chegam de Nova Orleans soam como profecias do apocalipse. Cadáveres bóiam numa área que antes era o agitado e pitoresco centro da cidade; féretros se elevam do chão; jacarés, tubarões e cobras percorrem as águas contaminadas; e os desesperados sobreviventes humanos, segurando machadinhas nas mãos, agarram-se aos telhados das casas, implorando para serem resgatados.

Em todo o Sul dos Estados Unidos, o que mais chama a atenção nas regiões pantanosas não é o espírito de desafio que levou as pessoas a erguer cidades em regiões tão inclementes, mas a proximidade do mundo natural e o caráter primitivo da paisagem, repleta de aves e animais exóticos e envolta em vegetação luxuriante. Agora, após a passagem do furacão Katrina, a natureza reconquistou o espaço que era seu. Por quanto tempo, não se sabe.

Em meio a toda a devastação, o que estamos testemunhando não é apenas uma catástrofe humana, mas também o fenômeno extraordinário de uma grande cidade do Primeiro Mundo mergulhando no Terceiro.

O lago Pontchartrain, cujas águas hoje recobrem Nova Orleans, foi transformado numa imensa fossa negra. A maior parte dos veículos motorizados foi inutilizada. Não há serviços públicos funcionando: não há eletricidade, gás, água potável ou sistema de esgotos. Durante o dia, a temperatura está acima de 30C. Os telefones estão mudos. Os geradores de emergência estão ficando sem combustível. Os estoques de comida e de água estão acabando.

Sob tais circunstâncias, a pergunta pertinente é até que ponto um país tão rico e avançado quanto os EUA consegue fazer frente a um desastre natural desta escala. A resposta é mista.

Levando em conta que a maior parte de Nova Orleans fica abaixo do nível do mar, é difícil acreditar que não houvesse plano de contingência para o caso de uma inundação total. O fato de quatro quintos da população ter obedecido à ordem de deixar a cidade antes da chegada do furacão é algo impressionante.

Mas existe outra coisa que vem emergindo das imagens de Nova Orleans difundidas pela mídia. Os que permaneceram na cidade foram em sua maioria seus habitantes negros e hispânicos -ou seja, seus pobres.

As situações extremas costumam trazer à tona o que um país tem de melhor e também de pior. O "dia seguinte" do furacão foi marcado por heróicos esforços de salvamento, um alto grau de disciplina cívica e a determinação dos americanos em sobreviver e recomeçar suas vidas outra vez. Mas também demonstrou, mais uma vez, a profundidade da desigualdade que reina nas cidades americanas.

Se a mesma vontade política que deve ser aplicada na reconstrução de Nova Orleans for voltada à promoção da justiça social, a nova Nova Orleans poderá ser um lugar diferente e melhor.


* Do The Independent
Publicado originalmente no Vermelho
Pico do Petróleo no Avante!

É com grande satisfação que leio um artigo sobre o Pico do Petróleo no Avante!, importante jornal da esquerda anti-capitalista. Deixo aqui os meus parabéns ao incansável professor Rui Namorado Rosa pelos seus esforços na divulgação e esclarecimento sobre este tão importante assunto para este nascente século XXI que é o Pico do Petróleo.

Segue o link e um excerto:

O mundo depois do pico do petróleo

Rui Namorado Rosa

Cinco fontes primárias asseguram contribuições importantes e em boa medida especializadas no aprovisionamento mundial de energia: o petróleo com 40%, o gás natural e o carvão com cerca de 25% cada, a fracção restante sendo devida a energias nuclear e hídrica na produção de energia eléctrica. Porém, as diversas fontes de energia não são equivalentes e, portanto, as respectivas substituições não são física e economicamente indiferentes. O petróleo substituiu o carvão não por exaustão do carvão; e o gás natural, que em regra acompanha o petróleo nos seus reservatórios, começou por ser libertado na atmosfera («vented») ou queimado («flared»), até começar a ser recuperado, lá onde escasseou o petróleo. O petróleo é, como líquido, facilmente armazenável, transportável e destilável, uma matéria-prima energética e química incomparável. Em particular, o petróleo é a mais eficaz origem de combustíveis líquidos, universalmente utilizados em motores de combustão interna, que accionam os transportes aéreo, marítimo e terrestre. E por esta via o petróleo está omnipresente e tem uma importância imediata e determinante no comércio, a todos os níveis de integração económica. A globalização capitalista não existiria sem a extensa divisão económica mundial com a especialização vertical e horizontal da produção, suportada em intensos fluxos de transportes de mercadorias. [...]

(Continuar a ler)


In Avante!
Comunidade Portuguesa de Ambientalistas
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