Thursday, September 22, 2005

O que é o Pico do Petróleo? "O barril está meio vazio..."

Pico do Petróleo refere-se ao momento em que a humanidade já não é capaz de produzir mais petróleo globalmente do que foi capaz no ano anterior. Quando acontecer o pico, as economias vão contrair/encolher em vez de crescer, e o planeta poderá sentir um choque petrolífero global mais profundo que aqueles sentidos durante os anos 70.
Economicamente, politicamente e socialmente, os resultados poderão ser catastróficos se nós não mudarmos a maneira como o mundo funciona antes deste evento. Enquanto as corporações e governos do mundo fazem pouco ou nada para preparar a sociedade para esta eventualidade, torna-se um imperativo da comunidade de tentar tornar-se mais auto-suficiente e auto-sustentável de maneira a mitigar alguns efeitos da implosão política e económica.

Wikipedia, a enciclopédia online, explica:
"A teoria do pico de Hubbert deve o seu nome ao geofísico M. King Hubbert, que previu correctamente o pico da produção de petróleo nos EUA com 15 anos de avanço. Embora controversa, a teoria vai ganhando influência nos decisores de políticas dos governos e da indústria do petróleo. Actualmente, raramente se debate se haverá ou não um pico, mas quando ocorrerá e qual a severidade dos efeitos posteriores."
Independentemente do debate em torno da origem do petróleo e se ele é um recurso naturalmente reabastecido. A realidade crua dos números diz que estas teorias de um petróleo "renovável" são de um extremo absurdo. O facto é que os EUA (só para dar um exemplo) produzem menos petróleo todos os anos desde 1970, e o mundo consome mais petróleo do que descobre desde 1982. O mundo está a mostrar sinais de formação de plateau e declínio semelhante ao plateau e declínio que os EUA experimentaram durante os últimos 35 anos, como mostrado no gráfico abaixo:


A produção dos EUA é a área verde claro no fundo. Nota o pico a volta de 1970.

Podemos simplesmente usar menos?

Nós teremos de viver com menos petróleo eventualmente. Contudo, enquanto ele não é simplesmente não-disponível, cortar voluntariamente o consumo seria o equivalente a um suicídio para a nossa economia tal como ela está estruturada hoje.
A nossa economia moderna está baseada na dívida/crédito, e tal economia tem de crescer para garantir que cada vez maiores futuros dividendos paguem a dívida de hoje. Uma economia em crescimento garante que nós não tenhamos que enfrentar a dívida de hoje ou a dívida do último ano, mas as economias só conseguem crescer usando mais energia. É necessário um complexo esforço de transição.
À medida que passamos o pico do petróleo global e há menos petróleo para usar do que houve ontem, o nosso país (e o mundo) terá que lidar com os resultados descendentes da economia baseada na dívida. Esses resultados poderão ser tão extremos como os ascendentes foram nos últimos 50 anos na economia mundial.

O que estão o governos e os privados a fazer? Se isto é tão real e ameaçador porque não ouvimos nós falar disto?

Quando o gigante petrolífero Shell cortou a sua estimativa de reservas em 2004, o seu stock caiu 6% nas notícias (ver www.oilcrisis.com). O assumir de tais coisas é arriscado. Mesmo assim, a industria parece começar a digerir o óbvio: a procura global vai ultrapassar a oferta que não consegue sustentavelmente crescer daqui para a frente. Num artigo no Financial Times (arquivado em www.energybulletin.net), Carola Hoyos discute algumas das outras reacções da industria ao Pico do Petróleo. É uma área complexa por estar tanto em causa.

Não faria sentido falar da reacção dos governos ao Pico do Petróleo sem falar dos EUA, afinal eles têm 4% da população mundial e usam 25% da energia mais barata, o petróleo. Se eles admitissem que a mais importante commodity na Terra está prestes a estrar em declínio de produção, não seria óbvio para Cindy Sheehan e todos os outros que "causa nobre" realmente há no Iraque? Qualquer admissão de um governo do Pico do Petróleo seria também a admissão que os EUA não têm de maneira nenhuma direito a consumir o petróleo restante à taxa actual. O problema do crescimento económico mostra a sua cara feia outra vez. Esse governo não pode dar se ao luxo de ter este debate aberta e honestamente. Ninguém é re-eleito por assustar o público, e as corporações não financiam a tua campanha se tu estiveres a desesperadamente a tentar que os consumidores comprem menos produtos ou produzam o seu próprio alimento.
Assim, em vez de falar de coração aberto com o público sobre a nossa dependência em energia barata, as corporações e os governos jogam por posições estratégicas à volta do (rico em energia) Médio Oriente e região do Cáspio. Entretanto, os grandes media mantêm o público norte americano e europeu a sonhar de maneiras que algum mítico "eles" ou alguma mítica tecnologia vai inventar a solução para os problemas que enfrentam.

Então e a energia alternativa?

A energia alternativa é excelente. As renováveis poderão salvar as nossas vidas, se nós tivermos sorte. Infelizmente as alternativas não são suficientemente intensivas em energia para aguentar uma população de 7 biliões de pessoas num planeta industrializado. Só o petróleo foi capaz de criar a quantidade e qualidade de energia que a humanidade requer para mover este mundo que construímos. Sem isso, nós vamos estar aquém, independentemente do sucesso que possamos ter com as alternativas. Existe o risco que a resolução venha na forma de redução populacional por doença e fome.
Crítico para avaliar as alternativas fósseis é perceber que nós também estamos a enfrentar uma crise no gás natural semelhante à vindoura crise do petróleo. Mudar para alternativas só depleta essas alternativas ainda mais depressa do que nós já estamos a depletar. A energia solar requer petróleo para o processo de minar silicon, prata e cobre. A nuclear requer urânio. A economia do hidrogénio é um conto de fadas. As alternativas não vão funcionar bem para o transporte, e isso porque continuamos a usar o petróleo para 90% da energia de transporte, hoje. Não há respostas fáceis, aqui.
Excelente e profundo tratamento desta questão é oferecido em
http://www.lifeaftertheoilcrash.net/

Quando vai acontecer o Pico do Petróleo?
As estimativas mais realísticas põem o pico entre 2007-2020. Alguns números altamente optimistas põem o pico em 2037 ou depois. Alguns altamente reputados insiders em energia, como Matthew Simmons (um respeitado banqueiro de investimentos energéticos e membro da task force de 2001 de Dick Cheney) acreditam que pode já estar a acontecer.

O que posso eu fazer para me preparar a mim próprio e à minha família?

- Elimina as dívidas. Elimina a dívida do cartão de crédito primeiro.
- Imagina a tua casa durante um blackout. Como a poderias adaptar para sobreviver?
- Mantém alguma água limpa e provisões de comida perto de casa.
- Mantém uma semana de trabalho de dinheiro em casa.
- Vai conhecer os teus vizinhos. Faz amigos.
- Descobre uma maneira de usar transporte de massa ou considera mudar-te para perto do trabalho.
- Considera aprender agricultura orgânica e como aprovisionar água da chuva.
Infelizmente, nenhuma destas coisas garante segurança. Se a sociedade desintegrar, nós vamos todos perder.
A melhor defesa contra o Pico do Petróleo é uma comunidade forte.

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