O Pico do Petróleo já sufoca a América Central
Pobres da América Central lutam pela sobrevivência à medida que o preço do petróleo sobe, por Noel Randewich.
Alioto, Guatemala - Os pobres de uma favela guatemalteca estão a queimar resíduos fabris para combustível de cozinha à medida que o preço do petróleo atinge as já vulneráveis economias da América Central , forçando os governos a pedir ajuda internacional.
Eulogia Pescera, comerciante de tortilhas, costumava cozinhar com gás doméstico, mas depois de um salto recente de 30% nos preços, ela virou-se para materiais mais baratos.
Pescera e muitos dos seus vizinhos na favela de Alioto, que se estende pelos montes até fora da Cidade de Guatemala, agora compram resíduos de polyester fabris de fábricas texteis multinacionais das redondezas.
Combustível de resíduos é o único combustível que ela pode pagar de modo a manter o seu pequeno negócio das tortilhas.
"Vão a fazer dois meses desde que comprei gás pela última vez," disse Pescera por entre uma nuvem de fumo de cheiro tóxico. "Combustível de fábrica serve perfeitamente."
Por toda a América Central, onde um quarto da população vive com menos de $1 dólar por dia, o custo de encher o depósito e gerar electricidade subiu em flecha nos últimos meses em linha com o aumento dos preços mundiais do petróleo.
Numa região ainda a lutar por recuperar de guerras civis dos anos 80 e 90, a escalada em flecha do preço da energia está a trazer de volta o espectro da inflação alta -- que geralmente atinge os pobres com mais força e que tem gerado sublevações sociais ao longo dos anos na América Latina.
A inflção na Guatemala está prevista a saltar para quase 8% em 2005, desde os 5.8% este ano até à data.
O banco central de El Salvador disse recentemente que os preços altos dos combustíveis vão manter a inflação acima da sua meta de 2-3% em 2005. Os preços na Costa Rica são esperados subir quase 14% este ano.
"Os pobres estão a sofrer mais. Eles têm menos recursos disponiveís e assim vivem no limite," disse Andres Botran, um recentemente empossado ministro guatemalteco responsável por lutar contra a pobreza crónica e malnutrição.
COMBUSTÍVEL DE CANA DE AÇÚCAR
O presidente brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva ofereceu-se a mostrar aos países centro-americanos como abastecer os seus carros com açúcar.
numa visita à Guatemala, Lula convidou os governos centro-americanos a visitar o Brazil e aprender a substituir combustíveis fósseis por etanol feito de cana do açúcar.
"O Brazil está pronto a partilhar tecnologias novas e limpas," disse ele aos chefes de estado centro-americanos.
A semana passada na Nicarágua, a multinacional espanhola Union Fenosa começou a racionar electricidade, causando blackouts na capital depois do supremo tribunal a ter proibido de subir as tarifas para se mater em linha com os preços mundiais do petróleo, perto de $63 dólares o barril, quinta-feira.
O governo hondurenho ordenou as estações de serviço a fecharem aos domingos com o intuito de conservar gasolina.
Na Costa Rica, os funcionários públicos foram mandados começar a trabalhar mais cedo e sair do trabalho menos tarde para poupar electricidade, e alguns condutores na capital, São José, foram mandados deixar os seus carros em casa durante a hora de ponta.
Alguns líderes dizem que a região, recheada de vulcões e lagos, devia desenvolver projectos de energia geotérmica e hidroeléctrica para reduzir a dependência no petróleo. "Nós deviamos promover uma política de produzir energia com os nossos próprios recursos," disse o líder sandinista da oposição Daniel Ortega, um ex-presidente da Nicarágua.
A Guatemala é o único país na região que produz petróleo mas o output é muito baixo à volta de 20,000 barris por dia.
A Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Honduras e outros países pobres na América Central querem que os maiores produtores de petróleo da América Latina, México e Venezuela, expandam drasticamente os programas de subsídio feitos para amortecer o impacto dos preços de combustível.
"O ministro da energia, o presidente, eles estão ambos preocupados, e estão a bater à porta dos países produtores para que estes reconheçam os efeitos destrutivos que estes aumentos de preços têm na parte mais vulnerável da população," disse Botran.
O cenário pós furacão Katrina é esperado manter os preços da gasolina e gás doméstico altos nos mercados internacionais e nos países centro-americanos, que têm de depender quase exclusivamente em importações para abastecer a procura de combustíveis fósseis.
O presidente salvadorenho Tony Saca disse que os governos da região deviam tornar claro que a era do petróleo barato acabou.
"A verdade devia ser dita às pesoas, que os preços não vão voltar a ser o que foram antes," disse ele.
(reportagem adicional por Frank Jack Daniel em Managua)
Sobre a Guatemala ver também o ensaio sobre os efeitos do Pico do Petróleo na Guatemala do historiador Gregory Nipper.
Fontes:
Energy Bulletin
Planet Ark
Published on 14 Sep 2005 by Reuters. Archived on 17 Sep 2005.
Pobres da América Central lutam pela sobrevivência à medida que o preço do petróleo sobe, por Noel Randewich.
Alioto, Guatemala - Os pobres de uma favela guatemalteca estão a queimar resíduos fabris para combustível de cozinha à medida que o preço do petróleo atinge as já vulneráveis economias da América Central , forçando os governos a pedir ajuda internacional.
Eulogia Pescera, comerciante de tortilhas, costumava cozinhar com gás doméstico, mas depois de um salto recente de 30% nos preços, ela virou-se para materiais mais baratos.
Pescera e muitos dos seus vizinhos na favela de Alioto, que se estende pelos montes até fora da Cidade de Guatemala, agora compram resíduos de polyester fabris de fábricas texteis multinacionais das redondezas.
Combustível de resíduos é o único combustível que ela pode pagar de modo a manter o seu pequeno negócio das tortilhas.
"Vão a fazer dois meses desde que comprei gás pela última vez," disse Pescera por entre uma nuvem de fumo de cheiro tóxico. "Combustível de fábrica serve perfeitamente."
Por toda a América Central, onde um quarto da população vive com menos de $1 dólar por dia, o custo de encher o depósito e gerar electricidade subiu em flecha nos últimos meses em linha com o aumento dos preços mundiais do petróleo.
Numa região ainda a lutar por recuperar de guerras civis dos anos 80 e 90, a escalada em flecha do preço da energia está a trazer de volta o espectro da inflação alta -- que geralmente atinge os pobres com mais força e que tem gerado sublevações sociais ao longo dos anos na América Latina.
A inflção na Guatemala está prevista a saltar para quase 8% em 2005, desde os 5.8% este ano até à data.
O banco central de El Salvador disse recentemente que os preços altos dos combustíveis vão manter a inflação acima da sua meta de 2-3% em 2005. Os preços na Costa Rica são esperados subir quase 14% este ano.
"Os pobres estão a sofrer mais. Eles têm menos recursos disponiveís e assim vivem no limite," disse Andres Botran, um recentemente empossado ministro guatemalteco responsável por lutar contra a pobreza crónica e malnutrição.
COMBUSTÍVEL DE CANA DE AÇÚCAR
O presidente brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva ofereceu-se a mostrar aos países centro-americanos como abastecer os seus carros com açúcar.
numa visita à Guatemala, Lula convidou os governos centro-americanos a visitar o Brazil e aprender a substituir combustíveis fósseis por etanol feito de cana do açúcar.
"O Brazil está pronto a partilhar tecnologias novas e limpas," disse ele aos chefes de estado centro-americanos.
A semana passada na Nicarágua, a multinacional espanhola Union Fenosa começou a racionar electricidade, causando blackouts na capital depois do supremo tribunal a ter proibido de subir as tarifas para se mater em linha com os preços mundiais do petróleo, perto de $63 dólares o barril, quinta-feira.
O governo hondurenho ordenou as estações de serviço a fecharem aos domingos com o intuito de conservar gasolina.
Na Costa Rica, os funcionários públicos foram mandados começar a trabalhar mais cedo e sair do trabalho menos tarde para poupar electricidade, e alguns condutores na capital, São José, foram mandados deixar os seus carros em casa durante a hora de ponta.
Alguns líderes dizem que a região, recheada de vulcões e lagos, devia desenvolver projectos de energia geotérmica e hidroeléctrica para reduzir a dependência no petróleo. "Nós deviamos promover uma política de produzir energia com os nossos próprios recursos," disse o líder sandinista da oposição Daniel Ortega, um ex-presidente da Nicarágua.
A Guatemala é o único país na região que produz petróleo mas o output é muito baixo à volta de 20,000 barris por dia.
A Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Honduras e outros países pobres na América Central querem que os maiores produtores de petróleo da América Latina, México e Venezuela, expandam drasticamente os programas de subsídio feitos para amortecer o impacto dos preços de combustível.
"O ministro da energia, o presidente, eles estão ambos preocupados, e estão a bater à porta dos países produtores para que estes reconheçam os efeitos destrutivos que estes aumentos de preços têm na parte mais vulnerável da população," disse Botran.
O cenário pós furacão Katrina é esperado manter os preços da gasolina e gás doméstico altos nos mercados internacionais e nos países centro-americanos, que têm de depender quase exclusivamente em importações para abastecer a procura de combustíveis fósseis.
O presidente salvadorenho Tony Saca disse que os governos da região deviam tornar claro que a era do petróleo barato acabou.
"A verdade devia ser dita às pesoas, que os preços não vão voltar a ser o que foram antes," disse ele.
(reportagem adicional por Frank Jack Daniel em Managua)
-x-
Sobre a Guatemala ver também o ensaio sobre os efeitos do Pico do Petróleo na Guatemala do historiador Gregory Nipper.
Fontes:
Energy Bulletin
Planet Ark
Published on 14 Sep 2005 by Reuters. Archived on 17 Sep 2005.
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