Wednesday, August 31, 2005

Nota: Um artigo também com alguns meses. Mas muito importante para uma compreensão aprofundada histórica e científica do Pico do Petróleo. Assim como da análise das suas ramificações políticas e económicas.

O impacto político-económico do pico do petróleo

por Rui Namorado Rosa


ENERGIA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

A energia é um factor de produção determinante para o desenvolvimento sócio-económico. No período de meio século, de 1950 a 2000, o produto bruto agregado a nível mundial cresceu à taxa anual de 3,9% enquanto o comércio de mercadorias e serviços cresceu, ainda mais rapidamente, à taxa de 6,0%; foi a globalização a galope; entretanto, o consumo mundial de combustíveis fósseis aumentou à taxa anual de 3,5%, dupla da taxa de crescimento demográfico.

Esse crescimento económico, a par da multiplicação da população mundial, suportou-se na simultânea multiplicação da produção de hidrocarbonetos. O petróleo em particular, tornou-se na principal fonte de energia primária global, desde que em 1967 superou o carvão, posição dominante que ainda hoje mantém com 40% da energia transaccionada. Será lógico questionar, então, que mundo será o nosso quando a disponibilidade de petróleo entrar em efectivo declínio. E se o crescimento económico é desejável ou sustentável.

O mundo em que hoje vivemos segue um curso novo desde os choques petrolíferos produzidos nos inícios das décadas de 1970 e 1980.

Numa época então de prosperidade económica, Marion King Hubbert (1903-1989) – geofísico norte-americano, racionalista e humanista – previu em 1956 que a capacidade de produção de petróleo nos EUA (exceptuado o Alasca) atingiria um valor máximo, um pico, cerca de 1970, para depois declinar imparavelmente. Mensageiro de uma má notícia, foi muito contestado, mas a sua previsão veio a verificar-se verdadeira. Hoje, a produção dos EUA está reduzida a 40% desse máximo; e esse país, outrora o maior produtor e exportador, depende hoje em 70% de petróleo importado.

Para alguns analistas, os últimos dois anos, em que o crescimento da procura se confronta constrangida por limitada capacidade de produção, marcados também por subida de preço das ramas e por défice de adequação da capacidade de refinação, assinalam já uma transição em curso para um novo período de insondáveis dificuldades.

As repercussões económicas dessa transição estarão a revelar-se já determinantes no funcionamento e organização da esfera sócio-económica. Se, como algumas correntes de pensamento económico argumentam, a energia é um factor de produção cuja real produtividade é muito superior ao respectivo peso na estrutura de preços dos factores, a disponibilidade de energia, independentemente do seu custo monetário, será determinante para a possibilidade de crescimento económico.

A escassez de uma determinada fonte de energia primária requer a sua substituição por outras fontes, de forma que a disponibilidade de energia não se torne em factor limitativo da produção. Essa substituição tem ocorrido no passado. O império britânico construiu o seu poder político durante a primeira revolução industrial, suportando o seu crescimento económico em abundantes reservas domésticas de carvão mineral. Cerca de 1880, as duas fontes de energia primária dominantes no plano mundial eram então a biomassa (lenha) e o carvão mineral, em iguais proporções, a primeira em tendência descendente e o segundo ascendente; a energia solar, eólica e hídrica mantinham a sua histórica importância, que porém se tornara já relativamente menor. Por esse tempo, também, o petróleo iniciava, nos EUA, o seu ciclo de vida como combustível de futuro – o suporte físico da ascensão económica e política desse país ao longo de quase todo o século XX.

O PENSAMENTO ECONÓMICO MATERIALISTA

Olhando para a História do pensamento económico rapidamente constatamos que a integração da esfera da economia na esfera da lei natural sempre esteve presente. Esta visão materialista seria contrariada por várias escolas e presentemente pela doutrina neoliberal, que a rejeita em absoluto, por se revelar altamente incómoda para o domínio ideológico da burguesia. O marxismo adoptou desde início essa interpretação integradora e materialista e foi-se enriquecendo e progredindo ao longo do tempo com o trabalho de vários economistas e outros investigadores notáveis, ainda que não se reivindicando como marxistas, mas que objectivamente têm contribuído para desmistificar o pensamento económico “oficial” burguês.

Em meados do século XVIII, o iluminismo traduziu-se na primeira escola de pensamento económico – Fisiocracia, materializada na obra de François Quesnay e seus discípulos. O seu princípio fundamental era adoptar a riqueza material como resultado de recursos naturais, cuja produção estaria sujeita a leis naturais. A produtividade das actividades extractivas, particularmente a agrícolas, seria a única capaz de gerar excedentes socialmente úteis, atribuíveis à fertilidade do solo. A doutrina não era explícita, nem teria à época fundamento suficiente para o enunciar; mas que estava subjacente à fertilidade do solo e à renda atribuível à Natureza, era a captação e conversão da energia da radiação solar pelas plantas em energia química da biomassa.

A descoberta dos princípios da Termodinâmica na primeira metade do século XIX iria ser percepcionada pela sua importância para o pensamento económico; a própria formulação desses princípios em termos de fluxos e transformações e conceitos de conservação e dissipação, aparentemente comportava já essa proximidade epistemológica.

Sergei Podolinsky (1881) tentou reconciliar a teoria da mais valia do trabalho com a análise termodinâmica do processo económico para concluir que os limites do crescimento económico têm não só a ver com relações de produção como também com as leis físicas. Ele antecipou em quase um século conceitos que são agora adoptados por algumas correntes consolidadas de pensamento económico contemporâneo, designadamente a análise dos fluxos de energia para aferir a eficiência de sistemas produtivos, modelação da produtividade do trabalho em função da quantidade de energia subsidiária do esforço humano, e a importância do excedente de energia ou da energia líquida em todo o processo de extracção de energia!

Ainda na segunda metade do século XIX, William Jevons, pioneiro do pensamento económico neoclássico foi também precursor da corrente da economia ecológica e energética. Em The Coal Question, 1865, abordou a importância da energia primária para o desenvolvimento económico e a sustentação do poder político, associando a sustentabilidade do império britânico à disponibilidade não constrangida de carvão mineral. Evidenciou que, à medida que os estratos superficiais eram esgotados, a extracção a progressiva profundidade determinava a elevação do custo, o que colocava no futuro uma ameaça ao império, quando destituído dessa fonte de energia em que o poder económico estava essencialmente fundado.

Já no século XX, Frederick Soddy (1922) enfatizou a importância dos princípios da Termodinâmica na esfera económica, e reconheceu na transição das fontes de energia renováveis de origem solar para as fontes de energia fóssil (uma mudança de fundos para depósitos ) a base de sustentação do crescimento económico em curso. A riqueza real estaria sujeita às leis físicas ao passo que a dívida estaria sujeita às regras da contabilidade, com propriedades contraditórias: a dívida cresce segundo uma regra simples de juro composto, enquanto a riqueza material se degrada e dissipa; aí residiria o divórcio entre as instituições financeiras e a economia real. Esta duplicidade, fundada nas relações sociais e consequentes propriedades do capital numa sociedade de classes, permanece actual e ainda mais pertinente.

Nas décadas de 1920 e 1930 desenvolveu-se nos EUA o movimento tecnocrático, dirigido por Howard Scott, incorporando personalidades como M. King Hubbert. Os tecnocratas constituíram um movimento racionalista radical, utópico, que propôs a substituição pura e simples de políticos e empresários por engenheiros e cientistas. Propugnaram e conduziram numerosos estudos económicos, baseados não em unidades monetárias mas sim físicas; argumentaram pela progressiva substituição do trabalho humano por capital e energia, com vista ao incremento da produtividade. Algumas das ideias técnicas do movimento tecnocrático reemergiriam no último quartel do século XX, designadamente na análise energética e na ecologia industrial.

Após a Segunda Guerra Mundial surgiram várias linhas de pensamento económico crítico que procuraram trazer para a teoria económica os fundamentos físicos da actividade económica. M. King Hubbert, 1949, 1962 e 1974, que animara o movimento tecnocrático na década de 1930 e persistira na crítica da economia monetarista, procedia à análise sistemática e à modelação físico-matemática dos dados empíricos relativos à descoberta e extracção de energia fóssil, para concluir com a previsão (pela primeira vez em 1949) do pico da produção de petróleo nos EUA e no mundo.

Howard T. Odum, Environment Power and Society, 1971, adoptou um modelo de fluxos energéticos ao sistema integrado sociedade - natureza, e o princípio Darwiniano da selecção natural, para enunciar um novo princípio, segundo o qual o critério da selecção natural é a maximização da eficiência energética (“ princípio de máxima potência ”). Argumentou que a energia está na origem do valor económico; e que a todo o fluxo monetário está associado um fluxo de energia em sentido contrário; todavia, o dinheiro flui em circuito fechado, ao passo que a energia flui do exterior, através da fronteira da esfera económica, para depois a deixar como calor degradado. Ele foi também levado a realçar o conceito de qualidade de combustível (baseado no output económico por equivalente input calorífico), a adequação da qualidade à finalidade, e a importância económica da acessibilidade de combustíveis de elevada qualidade. Howard T. Odum foi protagonista central na fundação da Ecologia como disciplina científica.

No mesmo período (décadas de 1970 e 1980) é relevante o trabalho com uma abordagem fortemente interdisciplinar do matemático Nicholas Georgescu-Roegen. The Entropy Law and the Economic Process, 1971 assinala a sua incursão no domínio da Economia. Ele levou ao extremo o questionamento da tradicional função de produção de Cobb-Douglas a da intermutabilidade dos factores de produção e, bem assim enfatizou o suporte material do processo económico. A energia não pode ser aplicada sem um receptor ou transmissor material, matéria e energia sempre actuam conjuntamente, e o conceito de entropia e o de geração de entropia seriam igualmente aplicáveis à energia e à matéria. Ele enunciou mesmo um princípio dual do segundo princípio da Termodinâmica, correspondente à dissipação de matéria, que não foi acolhido, mas reflecte o seu contributo para realçar a importância e as particularidades das matérias-primas e dos materiais nos processos económicos.

Nas décadas de 1980 e 1990 são de relevar o trabalho de Robert Costanza, Herman Daly, Robert Ayres e vários outros que, prosseguindo as críticas e as alternativas de autores antecedentes, contribuíram para a consolidação das escolas conhecidas por Economia Ecológica e Ecologia Industrial.

R. Costanza, 1980, Embodied Energy and Economic Valuation trabalhou o conceito de energia incorporada em bens e serviços, tendo verificado uma boa correlação estatística entre o conteúdo de energia incorporada (contabilizando exaustivamente os inputs energéticos indirectos) e o preço monetário, para argumentar a favor de uma teoria de valor económico fundada na energia incorporada, e admitiu que um mercado perfeito (embora não existente) conduziria a preços proporcionais à energia incorporada.

Herman Daly retomou a crítica à sustentabilidade física do crescimento económico, contrastando esse conceito com as leis da Termodinâmica; bem como a crítica da concepção circular auto-sustentada do processo económico, o valor de troca incorporado nos bens, fluindo das empresas para as famílias, um fluxo contrário de igual valor, mas na forma de factores de produção, fluindo das famílias para as empresas. Daly é também conhecido pela crítica ao modelo tradicional de crescimento económico e por ter argumentado a favor de uma economia controlada em estado estacionário, por essa via mantida sustentável ( Steady State Economy, 1977).

A Robert Ayres, com início em 1978, se deve um extenso corpo de investigação económica com forte suporte empírico, focalizado sobre os fluxos de matéria e energia através da esfera económica em interacção com a Natureza, sujeitos aos princípios da Termodinâmica. Ele considerou em particular o problema da exaustão de recursos naturais; recursos materiais de decrescente teor (maior entropia) requerem crescente quantidade de energia de elevada qualidade (baixa entropia) para serem extraídos; por consequência, enquanto um stock material é exaurido, é também acelerada a exaustão de um stock de energia de baixa entropia. Este efeito é ampliado, pois que se repete na própria extracção da energia que é utilizada. Paralelamente, amplifica-se o impacto ambiental dos resíduos das extracções.

Assim, nas duas últimas décadas emergiram organizadas duas correntes de pensamento económico sediadas nos EUA mas com expressão mundial – a Economia Ecológica e a Ecologia Industrial – que reflectem as visões materialistas da esfera de actividades económicas, integrada na Natureza e à sua semelhança, complexa e dissipativa.

A PREMENTE SUPERAÇÃO DA CRISE

Antes da revolução industrial existiam apenas três fontes primárias de energia: o trabalho somático humano e animal (ambos essencialmente suportados no fluxo de radiação solar convertida em energia química e armazenada como biomassa pelas plantas – agricultura e silvicultura); e a energia mecânica dos fluxos hídrico e eólico.

A eficiência líquida da fotossíntese pelas plantas verdes é apenas poucas partes em cem, mesmo nas condições mais favoráveis; por sua vez, a eficiência de conversão da ração ou forragem em força motriz somática, por animais de tiro, é perto de 5% apenas. Em consequência, a eficiência global de conversão de energia solar em trabalho é muito baixa. Todavia essa era (é) a principal fonte de energia nas sociedades pré-industriais. Nas actuais sociedades industriais, a agricultura e a pecuária, não obstante o importante manancial solar, fornecem um input mínimo para o balanço energético global da economia; na realidade, o sector agro-pecuário intensivo exibe um balanço energético francamente negativo. E o trabalho humano é uma fracção mínima da força motriz incorporada nos processos económicos em geral.

Os combustíveis são consumidos seja na produção e utilização directa de energia térmica seja na produção de trabalho ou força motriz (mediante a combustão em máquinas ou motores térmicos). A biomassa só foi um combustível importante até ao início do século XIX; a partir de então, a disponibilidade de lenha começou a escassear face à crescente procura de combustível requerido pelo crescimento da produção industrial e foi progressivamente substituída pelo carvão mineral; mas só na viragem para o último quarto do século XIX o carvão superou a biomassa no aprovisionamento de combustível. E o carvão, cuja importância relativa continuou a crescer até cerca de 1930, só à entrada do último terço do século XX seria superado pelo petróleo. No fim do século, cinco fontes primárias asseguravam contribuições importantes, e em boa medida especializadas, no aprovisionamento mundial de energia: o petróleo com 40%, o gás natural e o carvão com cerca de 25% cada, a fracção restante sendo satisfeita pelas energias nuclear e hídrica.

O capital não é mera riqueza, mas riqueza que acresce mediante a circulação de bens transaccionados. Para se expandir, o capital necessita de adquirir capacidade de trabalho na forma de trabalho assalariado. Assim sendo, o capital é e requer uma relação social.

A taxa de mais valia pode crescer ou porque mais trabalho é extraído, para além do necessário à reposição da capacidade laboral, ou porque menos trabalho é necessário a essa reposição, em consequência do incremento da produtividade do processo. Como regra, a inovação tecnológica conduz ao incremento do capital constante e à redução do capital variável e, portanto, à elevação da composição orgânica do capital; a mecanização, a automação, a aceleração de ritmo e a economia de escala são vias que conduzem todas nesse mesmo sentido. Segundo Karl Marx, não obstante a taxa de mais valia poder aumentar, esse facto combinado com o sistemático aumento da composição orgânica do capital, resultam necessariamente em tendência para o declínio da taxa de lucro, o que seria uma das causa de crise do capitalismo.

O capital natural é um termo utilizado para designar a capacidade da Natureza fornecer inputs (matérias-primas) e assimilar outputs (efluentes e resíduos) dos processos produtivos. Na medida em que a esfera biofísica se contém na esfera económica, os fluxos de matéria e energia entre uma e outra devem ser contabilizados em termos físicos e em termos monetários. Porém, só recentemente e em apenas alguns países, essa interacção e interdependência começou a ser contabilizada. Entretanto, o solo é um capital natural que há muito foi objecto de apropriação privada; algumas florestas e parques nacionais são ainda preservados como propriedade comunal ou pública. A atmosfera, o mar e os rios devem ser considerados como domínio público, ainda que estejam sujeitos a pressão para apropriação pelo estados e até objecto de apropriação ou negócio privados.

Todavia, os hidrocarbonetos são recursos naturais que vêm sendo extraídos, sem que lhes seja atribuída expressamente uma renda, daí sendo extraídos segundo uma lógica que é ou política ou comercial, movida ou pela rapina ou pelo lucro absoluto.

A energia está incorporada no fabrico do capital fixo e é componente omnipresente do capital circulante. Em particular, a especialização vertical e horizontal da produção mundial significa uma colossal divisão internacional do trabalho, só sustentável por extensivos sistemas logísticos e poderosas frotas de transportes rodoviário, marítimo e aéreo, com elevadas capacidades e ritmos de circulação. É um exemplo da intensificação energética da economia e da sua dependência e vulnerabilidade face aos combustíveis líquidos.

O crescimento do investimento, da produção e do comércio mundiais verificado ao longo do último século, não seria possível e só encontra paralelo no crescimento do consumo de energia, particularmente do petróleo. Dizemos que o petróleo sustentou o enorme incremento da composição orgânica do capital, e por essa via será não só responsável pelo acelerado declínio da taxa de lucro, como também suspeito pela pressão colocada na elevação da taxa de mais valia.

Como será o mundo, passado o pico da produção do petróleo? Ao contrário da evolução em espiral (hélice) ascendente que se verificou no passado, em que avanços das forças produtivas foram resolvidas por avanços nas relações de produção, a resolução das presentes contradições poderá passar por um retrocesso da produtividade (por força das limitações quantitativas e qualitativas do factor energia – ainda que não definitivas), o que não põe em causa a necessidade da alteração das relações de produção, antes a coloca com acrescida premência. Estaremos já a assistir a essa crise irreversível do capitalismo?

12/Julho/2005

Este artigo encontra-se publicado originalmente em http://resistir.info/.

Tuesday, August 30, 2005

Nota: Trata-se de um antigo artigo mas acertado quanto aos acontecimentos entretanto ocorridos e relevante para o momento actual e o futuro desenrolar da crise energética.


O iminente declínio do petróleo

Rui Namorado Rosa

Observadores atentos dos acontecimentos internacionais saberão, mas a larga maioria dos cidadãos ignora, porque lhes é intencionalmente escondido, que existe uma “agenda escondida” dos decisores políticos no plano da política internacional. Ainda menos observadores atentos saberão que no topo dessa agenda está o acesso e o controlo dos recursos energéticos mundiais. E que a actual fase de agressividade brutal do imperialismo é movida também pelo reconhecimento (que o público em geral ignora) de que a actual disponibilidade de energia está em vias de extinção. Em vez de trabalhar por alternativas viáveis no interesse da Humanidade, o saque aos recursos energéticos é o pretexto para as intervenções diplomáticas cobertas e encobertas e para as intervenções militares ”humanitárias” ou “anti-terroristas” por todo o mundo; no Golfo Pérsico, na Ásia Central, na América Latina, em África; nos próprios EUA.

O SAQUE

A “globalização” é também esse saque que está em curso.

A essa luz, as agressões e as ingerências acontecidas ou por acontecer no Iraque, no Irão, na Colômbia, na Venezuela, etc., e a presença militar dos EUA, apoiados no Reino Unido, no Golfo Pérsico, nos Balcãs, na bacia do Cáspio, no Golfo do México, etc., são dramáticos mas meros episódios previstos nessa “agenda escondida”.

A industrialização no decurso do século XX está marcada pela ascensão do petróleo como a mais importante fonte de energia primária, e dos seus derivados como os mais essenciais combustíveis para os transportes e a produção termoeléctrica (as gasolinas, o “diesel”, o “fuelóleo” e o “jetoil”) e essenciais matérias-primas para as petroquímicas (as “naftas”, os BTX e vários produtos químicos).

Porém, acumula-se a evidência de que a capacidade de produção de petróleo “convencional” está a atingir os seus limites. O petróleo convencional é aquele de que o mundo afluente se tem alimentado desde o princípio do século XX e que na década de 60 ultrapassou o carvão como principal fonte de energia. O petróleo convencional é de extracção relativamente acessível e económica; no caso das jazidas gigantes da Arábia Saudita a um preço da ordem de 1ou 2 dólar por barril. A fracção de hidrocarbonetos líquidos que acompanha a extracção de gás natural, pode ser contabilizada e adicionada á produção de petróleo convencional. Esta fonte de hidrocarbonetos aumentará previsivelmente até cerca de 2050, em resultado de a produção de gás natural exceder nesse período a de petróleo, mas em quantidade que, atenuando o declínio da produção de petróleo convencional, não adiará perceptivelmente o tempo de ocorrência do “pico” de produção de hidrocarbonetos líquidos.



O PETRÓLEO NÃO CONVENCIONAL

O petróleo não convencional — isto é, o heavy oil (ou petróleo pesado), o petróleo polar, o petróleo do deep ocean offshore (oceano profundo), as areias betuminosas e os xistos asfálticos — é ou de qualidade inferior, sendo de extracção e refinação mais dispendiosa (caso do petróleo pesado da bacia do Orinoco na Venezuela), ou de elevado custo de extracção (custo não só económico mas energético também). O petróleo polar implica impactos ambientais em zonas sensíveis e mesmo protegidas, e também investimentos intensivos, sobretudo associados ao transporte para os centros consumidores. O petróleo do oceano profundo (extraído em laminas de água superiores a 500 metros) apresenta condições geológicas complexas e ambientais rigorosas, mais elevado risco de investimento e agravado custo de extracção. O aproveitamento das areias betuminosas implica impactos ambientais pesados, custos económicos e energéticos elevados, tais que as eventuais reservas produtíveis serão muito inferiores aos recursos existentes na crusta. Situação mais problemática ainda é a dos xistos betuminosos. Todavia a “propaganda” anestesiante procura fazer passar a ideia de recursos fabulosos à superfície da Terra. Uma fantasia, como oferecer a Lua. A referência cada vez mais frequente a esses “novos” recursos de petróleo não convencional é ela mesma a mais clara confissão de que o petróleo “barato”, o petróleo convencional, está a aproximar-se dos seus limites.

Os recursos de petróleo não convencional são comparáveis aos de petróleo convencional; mas a fracção convertível em reservas exploráveis ascende, com optimismo, a não mais que 20% desses recursos. E a custos técnicos, económicos e ambientais substancialmente mais elevados, de todo não comparáveis aos custos do petróleo do Golfo Pérsico... A somar a estes custos, o desenvolvimento de tais reservas exigirá períodos de tempo dilatados. Mas investimentos pesados a longo prazo é algo que não cabe no quadro da actual organização económica; o que não exclui a possibilidade de um ou outro conglomerado petrolífero o vir a fazer, na perspectiva de retorno à custa da extrema escassez futura. Mas não haja dúvida, embora possa haver uma fronteira difusa entre petróleo convencional e não convencional, acabado o primeiro, a economia do segundo será substancialmente diferente, e o custo de energia será muito superior.

A FLAT LAND

É convicção corrente, alimentada pela informação oriunda da maioria dos organismos oficiais e das empresas petrolíferas, que a produção de petróleo poderia prosseguir indefinidamente, como se o recurso natural fosse ilimitado, ou seja, como se o planeta Terra fosse plano e não esférico e portanto finito. É a visão conhecida por flat land.

Essa visão idealista é conforme à teoria económica dominante, segundo a qual os diversos factores de produção seriam ilimitados e intermutáveis, como se não tivessem “qualidades” distintas, e o mercado seria um regulador perfeito da actividade económica, ”oferecendo” automaticamente fluxos de matérias-primas, de força de trabalho e de energia, em reposta inevitável ao aumento de “procura” e à subida dos preços respectivos. Tal teoria económica pressupõe que haja uma Terra com recursos ilimitados e com ilimitada capacidade de gerar fluxos desses recursos; bem como um exército de desempregados e de técnicos já qualificados, em todas as especialidades; num e noutro caso disponíveis no imediato, como se o desenvolvimento de uma província petrolífera não levasse cerca de uma década e a formação de especialistas num novo domínio cerca de um lustro.

Mas a longa experiência da industria petrolífera prova que não é assim. A produção em cada província é assegurada maioritariamente por um escasso número de jazidas gigantes, um elevado número de pequenas jazidas fornecendo apenas um modesto complemento. O nível de produção de cada província, uma vez todas as jazidas postas a produzir, não mais poderá crescer significativamente e, pelo contrário, entrará em declínio, a um ritmo que só a multiplicação do número de poços consegue atenuar. O custo de extracção vai crescendo em função do volume de produção acumulada em cada província petrolífera.

O ritmo de descoberta de novas jazidas de petróleo tem diminuído e as grandes jazidas vão escasseando. À escala global, o ritmo de consumo já ultrapassou e vem excedendo, desde 1981, as descobertas de novas províncias petrolíferas. O pico das descobertas à escala mundial ocorreu em 1964. Como o ritmo das descobertas deixou de compensar o ritmo de consumo, o balanço é negativo, e as reservas restantes tem diminuído persistentemente.

O “crescimento de reservas”, ou seja, a reavaliação em alta das reservas das províncias petrolífera já conhecidas — em resultado conjugado do factor económico preço e do factor técnico taxa de recuperação do petróleo in situ — tem decrescido também, e será no futuro muito mais reduzido do que no passado. Depois de um século de prospecção em todo o mundo, e de aperfeiçoamentos científicos e tecnológicos na geofísica e na engenharia do petróleo, sabe-se hoje virtualmente quase tudo sobre essa matéria, e particularmente sabe-se que recursos existem e quais os seus limites. O maior obstáculo é, de facto, o secretismo de que os resultados tem sido objecto por parte de empresas petrolíferas, governos e organismos internacionais. Em suma, conjugando informações de origens diversas, os especialistas estimam que, ainda na presente década, ocorra o “pico” da produção mundial de petróleo.

O MÁXIMO POSSÍVEL

A região do Golfo Pérsico detém a maior fracção das reservas restantes. A OPEP, que assegura actualmente uma fracção superior a 30% da produção mundial, terá um peso crescente nesse abastecimento e na formação do preço. A actual produção mundial de cerca 75 milhões de barris/dia poderá ascender a um máximo de cerca 80 milhões de barris/dia na presente década. A OPEP, só por si, poderá elevar ainda a respectiva produção até 45 milhões de barris/dia até 2015, mas já num contexto mais geral de exaustão ou declínio. Por isso o pico do petróleo ocorrerá antes desta última data.

Os EUA são o país com mais longa e completa experiência na indústria petrolífera. No território dos 48 estados contíguos, as descobertas atingiram o seu máximo em 1930, de que resultou uma produção que atingiu o apogeu em 1971. Desde então o declínio tem sido inexorável.

No Alaska foi entretanto descoberta e desenvolvida uma província petrolífera em Prudhoe Bay. O investimento necessário à sua exploração, incluindo o extenso oleoduto, foi muito elevado e demorado, como é próprio de uma fonte considerada já não convencional. E todavia a respectiva produção passou o seu máximo doze anos depois, em 1989.

Ora a produção nos EUA atingiu o seu apogeu sem que fossem adoptadas políticas de desenvolvimento sustentado no plano doméstico, o que ilustra como o mercado não oferece solução para o desenvolvimento sustentado. O caminho prosseguido está à vista: os EUA declararam como seu interesse vital o acesso às fontes de energia mundiais. E estão a prosseguir essa política, agora sob a designação de “guerra ao terrorismo”, nomeadamente estabelecendo alianças com regimes corruptos, bases militares em regiões estratégicas para o domínio de províncias petrolíferas e de oleodutos e, bem assim, desencadeado ameaças militares e acções de guerra. Mais discreto é o apoio diplomático e o financiamento invisível das empresas petrolíferas — o que frequentemente é feito através do inesgotável financiamento para a Defesa Nacional, tal como é já tradicional em relação às empresas dos sectores aeronáutico, automóvel, nuclear, energético e químico-farmacêutico (consequentemente as mais lucrativas e portanto mais poderosas). É um ciclo vicioso, em que o poder económico influencia e domina o poder político e este apoia no plano internacional e financia os consórcios económicos com recursos públicos.

A RÚSSIA E O CÁSPIO

A Rússia e a bacia do Cáspio detêm cerca de 15% das reservas mundiais de petróleo convencional. Porém, significativos recursos e reservas adicionais de petróleo polar na região Árctica são expectáveis. A Rússia mais a bacia do Cáspio forneceram em 2001 cerca de 11% da produção mundial de petróleo convencional. Essa produção poderá aumentar ainda 50%, durante os próximos anos, podendo contribuir então com cerca de 15% da produção mundial.

Na Rússia, o sector económico mais dinâmico na última década tem sido o energético, o qual tem gerado acumulação de capital e suportado a constituição da oligarquia financeira emergente. Este sector tem tripla importância para os EUA: é a estrutura económica que na Rússia mais rapidamente se constitui como capitalista; por outro lado, pode servir os “interesses vitais” dos EUA na segurança do aprovisionamento energético; finalmente, pode servir o objectivo geo-estratégico de controlar o aprovisionamento energético de outros grandes países carentes de fontes de energia própria – designadamente a Índia e o Japão, a China e outros países do Extremo Oriente. Estas razões tem levado os EUA a estreitarem relações políticas com a Rússia. Por seu lado, a Rússia terá interesse em desenvolver ao máximo as suas infra-estruturas energéticas e manter relativo equilíbrio de relações comercias quer com a Europa, quer com o Extremo Oriente, quer com os EUA, nesse sentido tendo programado o prosseguimento do desenvolvimento das actuais províncias produtoras, novas pesquisas na zona Ártica e, ainda, o reforço e alargamento da rede de oleodutos para o ocidente, para a costa do Pacífico e para a RP China. A actual “aproximação” da Rússia aos EUA é uma aliança para desenvolvimentos tecnológicos e investimentos conjuntos no sector energético e para a cooperação e partilha do comércio internacional de matérias-primas energéticas; mas é também uma capitulação da soberania russa face ao império financeiro global. Em breve a Rússia entrará na OMC.

EUROPA OCIDENTAL

Quanto à Europa Ocidental, a província petrolífera do Mar do Norte já ultrapassou a sua produção máxima e entrou em declínio. Essa província veio à luz em 1969, a taxa de descoberta atingiu o seu máximo em 1974 e a taxa de produção o seu apogeu em 2000. Tendo incrementado as reservas estimadas iniciais em 50% e atingido a taxa de recuperação de 50%, mas não podendo já aumentar nem uma nem outra, o declínio é inexorável. O progresso tecnológico faz maravilhas, mas ainda não faz milagres. A Europa terá agora de importar uma crescente quota de petróleo num mercado mundial incerto.

Quanto ao gás natural do Mar do Norte, ele assegura agora 50% do gás natural consumido na União Europeia. Descoberto em 1965, atingiu o máximo de descoberta em 1979 a sua produção espera-se atinja o apogeu em 2005, para entrar depois em declínio também. A Europa depende já, e cada vez mais no futuro, do aprovisionamento de gás natural proveniente do Norte de África e da Rússia.

A Noruega dispõe ainda de recursos adicionais de hidrocarbonetos no Árctico, particularmente gás, que permitirá manter e mesmo acrescentar a sua capacidade produtiva, o que atenuará mas não substituirá a pressão para as importações de fora da Europa Ocidental.

Especialistas oriundos de vários países Europeus, EUA, Rússia e Irão, reunidos num encontro internacional realizado em fins de Maio de 2002 na Universidade de Uppsala na Suécia alertaram para a previsível ocorrência de sérios choques petrolíferos na próxima década (ver http://www.isv.uu.se/iwood2002/welcome.html). Prevê-se que a produção mundial de petróleo convencional iniciará então um declínio irreversível que terá enorme repercussão em todo o mundo.

À luz do conhecimento actual, na base dos actuais dados relativos a reservas e a recursos, descobertos e ainda previsivelmente por descobrir, a produção mundial deverá atingir o seu ponto máximo por volta de 2010. A rede de instituições e especialistas constituída nesse encontro internacional — ASPO (Association for the Study of Peak Oil) — afirmou o propósito de proceder anualmente à actualização do cenário da produção em conformidade com o apuramento dos resultados de exploração e produção verificados.

Este artigo foi originalmente publicado em 30/05/2002 no sítio resistir.info e também reproduzido em Informação Alternativa.

Monday, August 29, 2005

O pico do petróleo e a crise económica

Por Rui Namorado Rosa


A progressiva escassez dos hidrocarbonetos, que representam dois terços do aprovisionamento mundial de energia, é assunto que preocupa um número cada vez maior de profissionais, cientistas, políticos e cidadãos. Especialistas dos cinco continentes, alguns de grande projecção internacional, num total de 330 participantes (incluindo 45 elementos da comunicação social e da produção audio-visual) reuniram-se em Lisboa, em 19-20 de Maio de 2005, no IV Internacional Workshop on Oil and Gas Depletion promovido pela ASPO - Association for the Study of Peak Oil and Gas (www.peakoil.net).

Os sinais de perigo vão-se acumulando. A experiência industrial petrolífera nos vários países tem revelado que a sua capacidade de produção atinge o máximo cerca de 25 a 40 anos após ocorrer o máximo da taxa de descoberta de reservas. Essa observação tem-se repetindo consecutivamente; nos EUA a curva de produção exibiu o seu pico em 1971. Na Europa já ocorreu em todos os países à excepção da Noruega. Na Rússia em 1988, na China prevê-se ocorra já em 2009; etc. E como o pico de descobertas, no plano mundial, se centrou na década de 1960, poderemos antecipar que o correspondente pico da produção poderá ocorrer na primeira década do novo século.

Outro sinal de alarme, é quase metade da produção mundial ser assegurada apenas pelos 120 maiores campos petrolíferos e cerca de 25% da produção mundial ser assegurada por apenas 36 campos gigantes de países do Médio Oriente. Quer dizer que o crescimento da produção tem nas últimas duas décadas sido assegurado por uma multidão cada vez mais numerosa de depósitos cada vez mais pequenos, a custos crescentes.

As grandes potências, de exportadores passaram progressivamente (com a excepção da Rússia) a importadores de hidrocarbonetos. Tal aconteceu com os EUA no início da década de 1940; recentemente com a R.P. da China (importador de petróleo desde 1993 e também de gás desde 2004). A Indonésia, cujos recursos petrolíferos estiveram na origem da Royal Dutch Shell, e que integra a OPEC desde 1962, está actualmente a transitar para a condição de país importador (depois de ter atingido o pico da produção em 1980 com um máximo secundário em 1995).

As deslocalizações industriais em direcção ao Sudeste Asiático, onde reside o grosso da população mundial, com capitação do PIB muito baixo, mas com uma elite instruída cada vez mais numerosa, exigem fluxos de energia cada vez mais intensos para esses países, a fim de sustentarem a subida do nível de vida dessas populações e para alimentarem a enorme capacidade produtiva que o capital internacional aí tem investido.

As repercussões económicas estarão a revelar-se já determinantes na esfera económica. A energia é um factor de produção cuja real produtividade é muito superior à respectiva contribuição para a estrutura de preços; a sua disponibilidade é um factor limitante do crescimento económico (Robert Ayres, INSEAD, Fontainebleau, e IIASA, Laxenburg). O modelo de globalização fundado em energia barata estava falseado (Matt Simmons, Investment Bankers to the Energy Industry, USA).

A reunião deste ano em Lisboa reuniu trinta especialistas que trataram dos aspectos científicos e técnicos do esgotamento do petróleo e do gás, alargando a análise às vertentes e consequências económica, financeira, social e política. Um painel de políticos debateu a necessidade e viabilidade de acção política e, em particular, os méritos de um Protocolo intergovernamental que ofereça um mecanismos claro e operacional para lidar com o grave desafio da transição para a decrescente disponibilidade e escassez de combustíveis fósseis. (As comunicações estão acessíveis em www.cge.uevora.pt/).

No final do século XX, cinco fontes primárias asseguravam contribuições importantes e em boa medida especializadas no aprovisionamento mundial de energia: o petróleo com 40%, o gás natural e o carvão com cerca de 25% cada (mas com tendências contrárias, ascendente o primeiro, descendente o segundo), a fracção restante sendo devida a energias nuclear e hídrica (ambas na produção de energia eléctrica).

Porém, as diversas fontes de energia não são equivalentes e, portanto, as respectivas substituições não são física e economicamente indiferentes. O petróleo substituiu o carvão não por exaustão do carvão; e o gás natural, que em regra acompanha geologicamente o petróleo, começou por ser negligenciado, até passar a ser recuperado lá onde escasseou o petróleo. O petróleo é, como líquido, facilmente armazenável, transportável e destilável, uma matéria-prima energética e química incomparável. Ele poderá ser substituído em termos de poder calorífico mas não é substituível no conjunto das suas superiores propriedades.

Em particular, o petróleo é a mais eficaz origem de combustíveis líquidos, universalmente utilizados em motores de combustão interna, com destacada predominância nos sectores de transportes aéreo, marítimo e terrestre. E por esta via o petróleo está omnipresente e tem uma importância imediata e determinante no comércio, a todos os níveis de integração económica. A globalização capitalista não é suportável sem a especialização vertical e horizontal da produção mundial, suportada em intensos fluxos de mercadorias.

O pensamento económico dominante alimenta a fantasia: Que os hidrocarbonetos existem em quantidades cornucopianas, que a tecnologia fará progressos ilimitados, que o mercado resolverá as tensões e encontrará o equilíbrio entre a procura e a oferta. Esse pensamento quer fazer ignorar que a Humanidade e os processos económicos estão contidos e decorrem na Natureza e sujeitos às leis naturais.

A captação ou extracção de uma fonte de energia primária é uma actividade económica que ela própria consome recursos, e em particular energia. Por cada barril de petróleo investido no Golfo Pérsico podem ser extraídos, refinados e transportados trinta ou mais barris. Se esse indicador (o retorno da energia investida na extracção) declina, mais energia bruta terá de ser extraída para colher a mesma quantidade de energia líquida, efectivamente utilizada para outras actividades económicas.

A evolução para fontes ou tecnologias de menor retorno energético implica a redução da energia efectivamente disponível para as restantes actividades e/ou o aumento do investimento e a diminuição da rentabilidade do sector energético. O retorno no caso de extracção de hidrocarbonetos a partir de areias betuminosas é próximo de 2; essa extracção implica enorme mobilização de energia (actualmente gás natural) e de massa (desmonte de rochas e consumo de caudais de água) para obter relativamente modestas quantidades de energia útil; o cenário de tais hidrocarbonetos serem extraídos à custa da sua própria energia, não obstante existirem enormes recursos, parece inverosímil.

A energia é crucial ao funcionamento de todas as economias. O ferro pode substituir o cobre, o alumínio pode substituir o ferro ou o cobre, o ferro pode substituir a madeira, o betão pode substituir o ferro, o titânio pode substituir o alumínio - com eventuais constrangimentos ou até grandes vantagens. Mas energia só pode ser substituída por energia - eventualmente de outra origem - mas por opção ou por constrangimento, com vantagem ou desvantagem?

O mundo do petróleo tem sido mantido no reino de uma nada ingénua fantasia. Os elementos estatísticos publicamente disponíveis não são confiáveis por razões comerciais, políticas ou outras. Essa circunstância está bem ilustrada pelo facto de, entre 1985 e 1990, seis países da OPEC (Kuwait, Abu-Dhabi, Irão, Iraque, Venezuela e Arábia Saudita) terem elevado as respectivas reservas de petróleo para quase o dobro, sem que tivessem sido relatadas correspondentes descobertas; como está no facto de, desde então, manterem ou ajustarem em alta os valores reportados, não obstante as quantidades entretanto extraídas. Por outro lado, grande parte da produção, refinação e transporte é controlada por um cada vez mais restrito número de poderosas corporações transnacionais. Seguindo o curso de concentração imperialista, estas têm procurado elevar os respectivos activos financeiros através de fusões e aquisições de "minors" (inclusivamente as sete "irmãs" do início do século XX reduziram-se a apenas três super "major" no fim do século: Exxon-Mobil, BP-Amoco-Arco e Royal Dutch Shell), por essa via alimentando a ilusão que os activos físicos na Natureza teriam crescido também.

O secretismo e a manipulação a que os resultados de prospecção ficam submetidos são um grande obstáculo ao conhecimento da realidade física e exige um grande esforço para destrinçar os dados publicados e colher dados seguros para utilizar em modelos interpretativos e preditivos. M. King Hubbert conseguiu ultrapassar esses obstáculos em meados do século XX e Colin Campbell e Jean Laherrére, The End of Cheap Oil, Scientific American, March 1998, conseguiram-no também, no fim do século. Esse trabalho de colheita, selecção e crítica de dados tem sido o suporte da elaboração de relatos, país por país, e de um cenário mundial que vem sendo regularmente actualizado, todos eles publicados na ASPO Newsletter (www.peakoil.ei). O resultado desta avaliação aponta para um pico de produção global do conjunto de hidrocarbonetos líquidos (petróleo convencional mais não convencional) ao nível de 30 biliões barris/ano nos primeiros anos deste século. Desse total, cerca de 5 biliões é a contribuição não convencional, a qual se estima possa ser sustentada durante 40 anos, não obviando, porém, que a contribuição de petróleo convencional, actualmente ainda dominante, decline a um ritmo que agora seria perto de 3% ao ano (e mais tarde maior será).

Só nos anos mais recentes os respectivos discursos têm moderado a tradicional euforia; a aparente honestidade dos executivos da Shell, ao rever em baixa as respectivas reservas, causou escândalo na esfera financeira e levou à demissão de três deles (Setembro 2004); o relatório da Exxon Mobil - The Outlook for Energy: A 2030 View - admite francamente a eminência de um plateau na respectiva produção (Maio 2005); o Deutsche Bank Research, in Current Issues (December 2, 2004), Energy prospects after the petroleum age - prevê a escassez do petróleo e do gás natural e o aumento significativo de preços dentre de alguns anos, etc.

É urgente que o nosso País assuma uma política energética bem fundamentada e se dote das bases institucionais científicas e técnicas para a formular e conduzir.

Existem no território Português amplas áreas sedimentares susceptíveis de conter hidrocarbonetos, sobretudo a Oeste a bacia Lusitaniana. Mais a Norte e a Sul temos ainda a bacia do Porto e as bacias do Alentejo e do Algarve. A Lusitaniana é de todas a que compreende uma extensa área de onshore, a orla meso-cenozoica costeira Ocidental.

As primeiras referências a hidrocarbonetos em Portugal continental reportam-se a meados do século XIX, quando foi concedida licença de exploração de asfalto numa das várias ocorrências de rochas impregnadas. Os primeiros furos de prospecção de petróleo foram executados no início do século XX. Uma concessão no onshore das bacias Lusitaniana e Algarve vigorou de 1938 a 1969, tendo a primeira sido objecto de 4.000 km de perfis sísmicos e 68 furos, tendo muitos destes produzido resultados positivos. Em 1973-74 foram contratadas 30 licenças, desta vez no offshore, ao abrigo das quais foram executados 20.000 km de perfis sísmicos e 22 furos, muitos deles com resultados positivos também. Após 1979 o ritmo de prospecção abrandou substancialmente, mas abrangendo as várias bacias (excepto Alentejo) e tanto o onshore (Lusitaniano) como o offshore (Porto e Algarve); boa proporção dos furos executados produziu sinais positivos. Mesmo a bacia Lusitaniana, a mais estudada, com uma densidade de furos prospectivos ("wild-cats") inferior a 3 por 1.000 km2, é considerada sub-explorada.

Acabará por surgir como evidência aos olhos dos decisores da política económica nacional que a prospecção de hidrocarbonetos (na verdade dos recursos naturais em geral) deverá ser retomada, tão cedo quanto possível, tanto na bacia Lusitaniana, como também na extensa plataforma continental Portuguesa, ao abrigo da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, sem o que, aliás, não poderá vir a assumir os seus potenciais direitos sobre os recursos aí existentes.

A recessão em que a economia portuguesa vem mergulhando ao longo da última década é o resultado previsível de políticas ditas económicas que dizem pretender produzir quando, progressivamente, são abandonados os aproveitamentos dos nossos recursos naturais e das nossas capacidades produtivas. A começar pela dependência energética, que atinge quase 90%, a que se junta a dependência alimentar, que convergem com o desmantelamento de sectores industriais inteiros (com o que isso significa de alienação de capacidades técnicas e de equipamentos produtivos). Enquanto são criados cenários futuristas justificados por critérios financeiros sem conexão com a economia real.

Este artigo encontra-se originalmente publicado no sítio jornalístico "Janela na Web" em:
http://www.janelanaweb.com/digitais/rui_rosa43.html

Sunday, August 28, 2005

Um perspectiva visual

Para os apreciadores de bonequinhos e imagens:

O "Pico do Petróleo Ilustrado"

Friday, August 26, 2005

O New York Times analisa o Pico do Petróleo

No último domingo vinha um artigo no NYT, chamado "The Breaking Point", sobre a crise do petróleo. É um artigo bastante longo, mas graças ao excelente blog Past Peak, arranjei uns excertos chave:
One of the starkest warnings [about the coming global oil shortage] came in a February report commissioned by the United States Department of Energy's National Energy Technology Laboratory. "Because oil prices have been relatively high for the past decade, oil companies have conducted extensive exploration over that period, but their results have been disappointing," stated the report, assembled by Science Applications International, a research company that works on security and energy issues. "If recent trends hold, there is little reason to expect that exploration success will dramatically improve in the future. . . . The image is one of a world moving from a long period in which reserves additions were much greater than consumption to an era in which annual additions are falling increasingly short of annual consumption. This is but one of a number of trends that suggest the world is fast approaching the inevitable peaking of conventional world oil production."

The reference to "peaking" is not a haphazard word choice — "peaking" is a term used in oil geology to define the critical point at which reservoirs can no longer produce increasing amounts of oil. (This tends to happen when reservoirs are about half-empty.) "Peak oil" is the point at which maximum production is reached; afterward, no matter how many wells are drilled in a country, production begins to decline. Saudi Arabia and other OPEC members may have enough oil to last for generations, but that is no longer the issue. The eventual and painful shift to different sources of energy — the start of the post-oil age — does not begin when the last drop of oil is sucked from under the Arabian desert. It begins when producers are unable to continue increasing their output to meet rising demand. Crunch time comes long before the last drop.

"The world has never faced a problem like this," the report for the Energy Department concluded. "Without massive mitigation more than a decade before the fact, the problem will be pervasive and will not be temporary. Previous energy transitions (wood to coal and coal to oil) were gradual and evolutionary; oil peaking will be abrupt and revolutionary." [...]

Before leaving New York for Saudi Arabia, I was advised by several oil experts to try to interview Sadad al-Husseini, who retired last year after serving as Aramco's top executive for exploration and production. I faxed him in Dhahran and received a surprisingly quick reply; he agreed to meet me. A week later, after I arrived in Riyadh, Husseini e-mailed me, asking when I would come to Dhahran; in a follow-up phone call, he offered to pick me up at the airport. He was, it seemed, eager to talk.

It can be argued that in a nation devoted to oil, Husseini knows more about it than anyone else....Husseini earned a Ph.D. in geological sciences from Brown University in 1973 and went to work in Aramco's exploration department, eventually rising to the highest position. Until his retirement last year — said to have been caused by a top-level dispute, the nature of which is the source of many rumors — Husseini was a member of the company's board and its management committee. He is one of the most respected and accomplished oilmen in the world. [...]

We spoke for several hours. The message he delivered was clear: the world is heading for an oil shortage. His warning is quite different from the calming speeches that Naimi and other Saudis, along with senior American officials, deliver on an almost daily basis. Husseini explained that the need to produce more oil is coming from two directions. Most obviously, demand is rising; in recent years, global demand has increased by two million barrels a day. (Current daily consumption...is about 84 million barrels a day.) Less obviously, oil producers deplete their reserves every time they pump out a barrel of oil. This means that merely to maintain their reserve base, they have to replace the oil they extract from declining fields. It's the geological equivalent of running to stay in place. Husseini acknowledged that new fields are coming online, like offshore West Africa and the Caspian basin, but he said that their output isn't big enough to offset this growing need.

"You look at the globe and ask, 'Where are the big increments?' and there's hardly anything but Saudi Arabia," he said. "The kingdom and Ghawar field are not the problem. That misses the whole point. The problem is that you go from 79 million barrels a day in 2002 to 82.5 in 2003 to 84.5 in 2004. You're leaping by two million to three million a year, and if you have to cover declines, that's another four to five million." In other words, if demand and depletion patterns continue, every year the world will need to open enough fields or wells to pump an additional six to eight million barrels a day — at least two million new barrels a day to meet the rising demand and at least four million to compensate for the declining production of existing fields. "That's like a whole new Saudi Arabia every couple of years," Husseini said. "It can't be done indefinitely. It's not sustainable." [...]

Experts like Husseini are very concerned by the prospect of trying to produce 15 million barrels a day [in the near future]. Even if production can be ramped up that high, geology may not be forgiving. Fields that are overproduced can drop off, in terms of output, quite sharply and suddenly, leaving behind large amounts of oil that cannot be coaxed out with existing technology. This is called trapped oil, because the rocks or sediment around it prevent it from escaping to the surface. Unless new technologies are developed, that oil will never be extracted. In other words, the haste to recover oil can lead to less oil being recovered.

"You could go to 15, but that's when the questions of depletion rate, reservoir management and damaging the fields come into play," says Nawaf Obaid, a Saudi oil and security analyst who is regarded as being exceptionally well connected to key Saudi leaders. "There is an understanding across the board within the kingdom, in the highest spheres, that if you're going to 15, you'll hit 15, but there will be considerable risks . . . of a steep decline curve that Aramco will not be able to do anything about." [...]

[Husseini] worries that the rising global demand for oil will lead to the petroleum equivalent of running an engine at ever-increasing speeds without stopping to cool it down or change the oil. Husseini does not want to see the fragile and irreplaceable reservoirs of the Middle East become damaged through wanton overproduction.

"If you are ramping up production so fast and jump from high to higher to highest, and you're not having enough time to do what needs to be done, to understand what needs to be done, then you can damage reservoirs," he said. "Systematic development is not just a matter of money. It's a matter of reservoir dynamics, understanding what's there, analyzing and understanding information. That's where people come in, experience comes in. These are not universally available resources." [...]

When I asked whether the kingdom could produce 20 million barrels a day — about twice what it is producing today from fields that may be past their prime — Husseini paused for a second or two. It wasn't clear if he was taking a moment to figure out the answer or if he needed a moment to decide if he should utter it. He finally replied with a single word: No.

"It's becoming unrealistic," he said. "The expectations are beyond what is achievable. This is a global problem...that is not going to be solved by tinkering with the Saudi industry." [My emphasis]

É bom saber que há mais pessoas a falar do problema. Agora, vamos fazer alguma coisa em relação a isto. [Comentário do Jonathan de Past Peak]

Muitos agradecimentos ao Jonathan, many, many thanks.

Thursday, August 25, 2005

Verdade chocante revelada: a Terra é redonda e finita!

Apresento-vos a revista do Pico do Petróleo!

Tuesday, August 23, 2005

Efeitos recessivos - foi preciso o petróleo chegar a 67$ dólares o barril para a economia portuguesa se resentir, será que somos muito fortes ou será que somos muito dependentes em petróleo?

Notícias no JN:

Os sectores mais afectados

Aposta no gás natural

Diversificar fontes de energia

Vendas de combustível

Sunday, August 21, 2005

"Afrancesado said...

É a 1* vez que visito este sitio, mas já me interesso por estas questões á muitos anos (sou aderente a Malthus).

Gostava que o Luis Rocha fizesse com o numero de descobertas (superiores a 500 mil barris), uma coisa parecida ao que fez abaixo com os preços, seria ainda + elucidativo. Assim de cor, será qualquer coisa do género:
1999 - 18
2000 - 11
2001 - 5
2002 - 2
2003 - 0
2004 - 0
Gostava de ver comentários de economistas sobre estes numeros!
7:46 AM"

Respondendo a um pedido...


Projectos de mais 500 milhões barris de reservas (é 500 milhões de barris de reservas e não 500 mil barris que classifica um campo petrolífero de Mega-Projecto), que vão entrar em produção esta década ou já começaram, pelo relatório Skrebowsky de 2004:

Produção prevista:

2003 - 9
2004 - 11
2005 - 18
2006 - 11
2007 - 3
2008 - 3
2009 - 1
2010 - 1

Projectos potenciais (não confirmados até 2010, incertos ou que podem apenas sugir depois de 2010) - 23
Projectos potenciais dos quais 11 são da OPEP e 10 da Rússia. Regiões pouco amistosas ao Ocidente, o que pressagia tensão e competição.



[Actualização 24 de agosto] Humm... falta aqui explicar o gráfico postado acima. O gráfico faz uma relação entre a descoberta e produção de petróleo (mundiais), para descontar o achado ao gastado. Assim as barras verdes referem-se aos anos em que o saldo descoberta/produção é positivo e as vermelhas a quando é negativo. A linha amarela chamada de "wildcats" (referindo-se a projectos de exploração, tentativas de descoberta) refere-se à prefuração de "furos" no solo à procura de petróleo. Mas como fica visto no gráfico perfurar mais não significa encontrar mais petróleo. Sobretudo quando e esta a grande conclusão do gráfico já se passou o pico mundial de descoberta.

Quanto à descoberta, não possuo dados concretos numéricos, por isso apenas posso deixar a vossa consideração os seguintes gráficos, o da ASPO (baseado num modelo da Exxon-mobil) e outro ineressante.

Wednesday, August 17, 2005

Marxismo e Teoria Ecológica, Marxismo e Pico do Petróleo

Vale a pena ler, é um artigo reproduzido no Energy Bulletin.

Monday, August 15, 2005

Uma explicção pormenorizada do Pico do Petróleo

O irmão gémeo das Alterações Climáticas (Aquecimento Global) chama-se "Pico do Petróleo" e é a verdadeira razão para o lançamento da "guerra ao terrorismo", o assalto ao Médio Oriente e a Ásia Central em suma o militarismo do nosso tempo, está centrado pela sede do recurso mais precioso e também crescentemente mais escasso do nosso tempo:o petróleo. Mas enquanto as elites imperialistas fazem soar os misseis e as bombas, a ameaça da maior crise económica global que a humanidade já viu, paira sobre todos nós.

O que poderá estar em causa não é menos que o fim da "civilização industrial".

Assim que a taxa máxima de extracção mundial de petróleo seja atingida (o "Pico do Petróleo") a oferta de petróleo vai declinar a cada a ano a uma taxa média estimada de 3%. Numa economia mundial que necessita de crescimento economico prepetuo para funcionar, o crescimento prepetuo do input de energia é fundamental. O fim da abundancia do petróleo barato vai expor a nossa dependência deste liquido viscoso, que é extrema.

Só a disponiblidade de petróleo barato durante o século XX possiblitou o crescimento exponencial da população mundial de 1.5 biliões de pessoas para 6.5 biliões de pessoas.

A agricultura industrial alimentou essa população com todo um sistema produtivo desde os pesticidas e fertilizantes até à distribuição altamente intensivos em combustiveis-fosseis.

O Pico do Petróleo é irmão gémeo do Aquecimento Global, carece que o diga, porque se alimentam mutuamente, quanto mais extremado o clima mais máquinas usamos para salvaguardar o nosso conforto, quanto mais máquinas mais consumo de petróleo logo mais declínio da produção dos campos "maduros" (para lá do pico) logo mais produção petrolífera (para mais consumo) logo mais emissões.

Trata se como eu já disse da maior crise de civilização alguma vez vista. Pior que a queda do império romano.

Algo como a grande depressão de 1929 nos Estados Unidos só que global e permanente.

Odeio ser eu a trazer as más noticias mas é preciso espalhar a noticia e procurar mitigar o problema, o tempo corre contra todos nós, pois ninguem está imune a esta dependência.

O meu nome é Luis Rocha.


Uma explicação enciclopedica da questão segue a seguir:



Pico de Hubbert
De Wikipedia, a enciclopédia livre.

A teoria pico de Hubbert, conhecida também como o pico do petróleo , é uma teoria influente a respeito da taxa de extracção e depleção a longo prazo de petróleo convencional e de outros combustíveis fósseis. Prediz que a produção de petróleo futura do mundo alcançará um pico e depois declinará rapidamente. O ano real do pico só será sabido somente depois de passado o pico. Baseado em dados disponíveis de produção, os cientistas proponentes (da teoria) já predisseram os anos pico para ser 1989, 1995, 1995-2000, ou, de acordo com um grupo influente a ASPO, 2007 para o petróleo e um tanto mais tarde para o gás natural. Isto pode conduzir a uma ou outra, grandes consequências catastróficas ou consequências económicas menores para o mundo, já que a civilização moderna é dependente de combustíveis fósseis baratos e abundantes, especialmente para o transporte. A teoria do pico de Hubbert (nomeada para o geofísico M. King Hubbert , que predisse correctamente o pico da produção de petróleo dos EUA 15 anos adiantado) embora controversa, está influenciando cada vez mais fazedores de política dentro da indústria petrolifera e o governo (americano). O debate é agora raramente sobre se haverá um pico, mas quando será e se os efeitos do pós-pico serão severos ou moderados. Mesmo os relatórios mainstream, os mais generosos estimam que as reservas de petróleo duram 100 anos ou menos.

A curva de Hubbert , projectada por M. King Hubbert , é um modelo matemático da disponibilidade futura de petróleo.

Teoria de Hubbert

O petróleo e outros combustíveis fósseis são o resultado da historia geológica, criado quando a matéria orgânica decomposta foi comprimida debaixo da terra há milhões de anos atrás e se transformou devido a determinados processos físico-químicos. Tal como todos fluxos de energia e reservas disponíveis restantes de energia na terra (à excepção da energia geotérmica , da energia das marés , e da energia nuclear), estão em última análise ligados ao sol . Os combustíveis fósseis são energia solar armazenada e são uma fonte não-renovável de energia - há uma quantidade finita deles, e as suas reservas não estão a ser reabastecidas (pelo menos, não a uma velocidade comparável àquela da sua extracção). Isto é verdadeiro apesar da sua aparente abundância e da descoberta de reservas previamente desconhecidas.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/su/a/a2/Hubbert-curve.png


O geofísico M. King Hubbert criou um modelo matemático de extracção do petróleo que predisse que a quantidade total de petróleo extraída através do tempo seguiria uma curva logistica . Isto implica por sua vez que a taxa predita da extracção do petróleo em toda a hora dada estaria dada então pela taxa de mudança da curva logistica, que segue uma curva em forma de sino conhecida agora como a curva de Hubbert (veja a figura acima). Em 1956, Hubbert predisse que produção de petróleo nos estados unidos continentais picaria nos 1970s. A produção de petróleo dos Estados Unidos picou correctamente em 1970, e tem diminuído desde então. De acordo com o modelo de Hubbert, as reservas de petróleo dos Estados Unidos seriam esgotadas antes do fim do século XXI . A teoria do pico de Hubbert é mais frequentemente aplicada ao petróleo mas é aplicável a outros combustíveis fósseis tais como o gás natural , o carvão e o petróleo não-convencional .

Dada a documentação da produção de petróleo e retirando factores estranhos tais como a falta de procura, o modelo prediz a data da produção de petróleo máxima output para um campo de petróleo, campos de petróleo múltiplos, ou uma região inteira. Este ponto máximo da saída é referido como o pico . O período após o pico é referido como a depleção. O gráfico da taxa de produção de petróleo através do tempo de um campo individual de petróleo segue uma curva em forma de sino: primeiramente, um aumento de produção constante lento; então, um aumento afiado; então, um plateau (o "pico"); então, um declínio lento; e, finalmente, um declínio íngreme.
Quando uma reserva de petróleo é descoberta, a produção é inicialmente pequena, porque nem toda a infra-estrutura requerida foi instalada. Etapa por etapa, mais poços são perfurados e estruturas cada vez mais funcionais são instaladas a fim produzir uma quantidade crescente de petróleo. Num certo ponto, um pico de output é alcançado que não pode ser excedido, mesmo com tecnologia melhorada ou perfuração adicional. Após o pico, a produção de petróleo lentamente mas cada vez mais declina. Após o pico, mas antes que um campo de petróleo esteja vazio, um outro ponto significativo é alcançado quando é preciso mais energia para recuperar, transportar e processar um barril de petróleo do que a quantidade de energia contida nesse barril. Nesse ponto, o petróleo não é de valor para extrair para a energia, e o campo pode ser abandonado. Os proponentes do pico da teoria de Hubbert reivindicam que isto é verdadeiro qualquer que seja o preço do petróleo. Este conceito é referido como a relação da energia extraída à energia investida.

A organização ASPO prediz que a produção de petróleo atinge o pico ao redor 2007.

Predição do Pico do Petróleo

A associação para o estudo do pico do petróleo e do gás é uma organização fundada pelo geólogo Colin Campbell . Discute que o modelo de Hubbert está fundamentalmente correcto, e que o mundo enfrenta o ponto médio ou taxa máxima da produção de petróleo global em torno de 2007, depois do qual o declínio da produção começa. Isto podia potencialmente conduzir a uma grande crise global no começo do século XXI. Os proponentes da teoria do pico do petróleo apontam para o facto que a taxa da produção de uma porcentagem crescente de campos de petróleo está ou no começo de um declínio ou sua taxa está declinando já. Os campos de petróleo enormes, facilmente explorados são prováveis de ser uma coisa do passado. O gás natural espera-se picar em qualquer lugar 2010 a 2020 (Bentley, 2002).

Exacerbando o problema potencial da depleção do petróleo está a procura global crescente para o petróleo devido ao crescimento da população e à prosperidade económica global aumentada. Em um ano recente, 25 biliões de barris de petróleo foram consumidos à volta do mundo, quando somente oito biliões de barris de reservas novas de petróleo foram descobertos.
Em março de 2005, as projecções levantadas pela agência de energia internacional da procura global anual eram de 84,3 milhões de barris por o dia ( [ 1 ] ), que significa mais de 30 biliões de barris anualmente. Isto põe o consumo igual à produção, não deixando nenhuma capacidade em excesso. Mesmo que haja temporariamente as reservas suficientes de petróleo que possam ser usadas para corresponder à crescente procura global, há um limite desconhecido para o aumento da capacidade de produção de petróleo, e um ausente investimento adicional em estruturas de produção de petróleo, de transporte e de refino. Também em março de 2005, o ministro argelino para a energia e minas indicou que o OPEP alcançou o seu limite de produção de petróleo. [ 2 ]
A frase "o fim do petróleo barato" , usada para descrever o resultado final predito, refere-se aos aspectos monetários e de eficiência energética (isto é o preço aumentará devido à escassez e à ineficiência crescente da produção de petróleo). Quando a produção de petróleo começou primeiramente no começo do século XX, nos maiores campos de petróleo 50 barris de petróleo foram recuperados por cada barril de petróleo usado nos processos da extracção, de transporte e de refino. Esta relação transforma-se através do tempo em cada vez mais ineficiente: actualmente, entre um e cinco barris de petróleo são recuperados por cada barril usado nos vários processos de recuperação. Quando esta relação alcança o ponto onde é preciso um barril para recuperar outro barril, o petróleo torna-se inútil como energia. Nesse ponto, toda a energia usada extrair o petróleo resultaria em uma perda de energia líquida; a sociedade seria mais eficiente e ficaria melhor usando essa energia restante em outra parte. Como seria de esperar de qualquer teoria que prediz escassez futura de combustível, o modelo de Hubbert tem ramificações significativas em política , política económica e negócios estrangeiros.

A administração da informação da energia não prediz nenhum pico antes ao menos de 2025. Fonte: Outlook Internacional 2004 Da Energia. A agência de energia internacional faz uma projecção similar

Crítica

Poucos negariam que os combustíveis fósseis são finitos e que fontes de energia alternativa devem ser encontradas no futuro. A maioria dos críticos prefere discutir que o pico não ocorrerá muito cedo e que a forma do pico não necessita ser um pico de curva logistica afiada mas podem ser picos irregulares e prolongados.
Em 1971 , Hubbert usou dados de estimativas elevadas e baixas de reservas de petróleo global para predizer que a produção de petróleo global picaria entre 1995 e 2000 . Este pico não ocorreu; entretanto, deve-se anotar que a predição de Hubbert foi feita antes do recessão forte do começo de '80, e a queda subsequente no consumo de petróleo do mundo, o efeito da qual poderia atrasar o pico predito. As implicações para o modelo são controversas. Alguns economistas do petróleo, tais como Michael Lynch , discutem que a curva de Hubbert com um pico afiado é inaplicável globalmente.
O United States Gelogical Survey (USGS) estima que há bastantes reservas de petróleo para continuar as taxas actuais de produção por pelo menos 50 a 100 anos. Um estudo do ano 2000 USGS de reservas do mundo de petróleo predisse um pico possível na produção de petróleo em torno do ano 2037. Isso é contrastado por um importante insider saudita da indústria petrolífera que diz que a previsão do governo americano para a fonte de petróleo futura é "uma perigosa over-estimate". [ 3 ] Campbell discute que as estimativas da USGS metodologicamente distorcidas. Um problema, por exemplo, é que os países do OPEP estimaram por cima as suas reservas para obter maiores quotas mais de produção de petróleo e para evitar a crítica interna. O crescimento económico e populacional puderam requerer mais consumo de energia no futuro.
Além disso, a estimativa de reservas da USGS parece dever tanto à política como à pesquisa. De acordo com a administração de informação de energia do departamento de de energia dos E.U., as "estimativas são baseadas nas considerações não técnicas que suportam o crescimento doméstico da fonte aos níveis necessários à procura projectada [ ênfase adicionado ]" [ outlook anual 1998 da energia de http://tonto.eia.doe.gov/FTPROOT/forecasting/038398.pdf com projecções a 2020 ]
Os críticos tais como Leonardo Maugeri indicam que os apoiantes do pico de Hubbert tais como Campbell predisseram previamente um pico na produção de petróleo global em 1989 e em 1995, baseado nos dados da produção de petróleo disponíveis nesse tempo. Reivindica que quase todas as estimativas não fazem exame do petróleo non-conventional do cliente mesmo que a disponibilidade destes recursos seja enorme e os custos de extracção, embora ainda muito altos, tendem a cair devido à tecnologia melhorada. (o inconveniente de A a esta posição é que as fontes pesadas do petróleo nunca serão tão lucrativas quanto as fontes claras atuais de petróleo, na produção avalia e ganho da energia). Além disso, anota que a taxa da recuperação dos campos de petróleo existentes do mundo tem aumentado aproximadamente 22% em 1980 a 35% hoje devido à tecnologia nova e predi-lo que esta tendência continuará. De acordo com Maugeri, a relação entre reservas provadas de petróleo e a produção actual melhorou constantemente, passando de 20 anos em 1948 a 35 anos em 1972 e alcançando aproximadamente 40 anos em 2003. Também de acordo com Maugeri, estas melhorias ocorreram mesmo com investimento baixo na exploração nova e tecnologia promover devido aos preços de petróleo baixos durante os últimos 20 anos. Os preços de petróleo mais elevados actuais podem jorrar o investimento aumentado causa (Maugeri, 2004).
Há muitas outras tentativas de predizer a produção de petróleo. Um exemplo é que a produção global de petróleo convencional vai picar algures entre 2020 e 2050, mas é provável que o output é aumente a uma taxa substancialmente menor depois de 2020. Um continuo rápido aumento na produção de petróleo requer um aumento na exploração de fontes não-convencionais (Greene, 2003).
Em Junho de 2005, a OPEP admitiu que eles vão 'lutar' para bombear petróleo suficiente para corresponder à pressão dos preços para o 4º quartrimeste do ano. É esperado que o verão de 2005 leve os preços a um novo recorde; alguns diriam que este é o primeiro exemplo da procura começar a ultrapassar a oferta. Outros poderiam acusa-lo a várias forças geopoliticas nas regiões onde o petróleo é produzido. Uma outra explicação para o crescente aumento dos preços do petróleo é que é um sinal de demasiado papel moeda e não de pouco petróleo. Nesta visão, preços dramaticamente altos de todas as commodities e de U.S. “real estate” (custos de habitação) indica aumento de inflação.

Sunday, August 14, 2005

E a Bolha Imobiliária também é uma tese catastrofista Hubbertiana?

(continuando a controversia com «Retrato de um marxista quando jovem»)

Se calhar o "The Economist", velho porta voz intelectual do capitalismo mundial também é um castratofita Hubbertiano, ou está embebido em determinismo estalinista ou será que é apenas ser realista ver que o desastre a que se dirige o capitalismo senil, salta à vista de todos?

Será que devemos ignorar as caracteristicas especificas da crise do capitalismo actual?

Para justificarmos a velha, vaga e abstracta concepção marxista da queda da taxa de lucro. Será verdade esta afirmação que a taxa de lucro está em queda?

É sim, claro que é, mas eu pergunto será essa afirmação generalista e abstracta da crise razão para negar todas as causa especificas da crise?

Será que se deve ignorar a bolha imobiliária?

Será que se deve ignorar o "Pico do Petróleo"?

Será que somos melhores marxistas de olhos fechados?

Seja como for, quero deixar bem claro que para mim o marxismo não é tudo... se bem que preferia que esta ideologia fosse usada para pensar de forma menos sectária. O marxismo é uma ajuda e não um estorvo ao meu pensamento, o meu marxismo é heterodoxo, não é purista, o marxismo não é o supra-sumo de todo o saber, é complementar com outros. Eu pessoalmente acho que se deve complementar com a teoria ecológica. Acho que se deve juntar o equilibrio entre humanos com o equilibrio entre estes e o planeta, ou seja, o seu eco-sistema.

Heterodoxia é o que eu aconselho ao meu vizinho marxista.

Thursday, August 11, 2005

(artigo movido para ficar mais visível)
Uma explicção pormenorizada do Pico do Petróleo
Até no Dubai se sente que o Pico do Petróleo é real e pode estar à acontecer

Is Iraq war fueling the GCC's economic boom?
By Emilie Rutledge

Since the US-led invasion and occupation of Iraq, the price of oil has steadily climbed upwards. A barrel of oil today costs twice as much as it did on the eve of combat, back in March 2003.

At the same time all six Gulf Cooperation Council (GCC) states - Bahrain, Kuwait, Oman, Qatar, the United Arab Emirates, and Saudi Arabia - have experienced levels of economic growth not witnessed since the 1970’s.

According to a recent Institute of International Finance report, the GCC's aggregate nominal GDP grew by 17% in 2004 and is likely to grow as impressively this year.



OPEC members Kuwait, Qatar, Saudi Arabia and the United Arab Emirates pumped 4% more oil in 2004 than in 2003, leading to a huge increase in revenues.

In the past three years, the value of Saudi oil exports has equaled the revenue generated in the 1990s.

This period of exceptional economic performance has enabled governments in the Arab Gulf to substantially increase fiscal spending, which in turn has increased private-sector confidence and stimulated strong growth in non-oil sectors.



There is little doubt that the continued occupation of Iraq contributes to the upward trajectory of oil prices, which in turn has helped fuel the GCC's economic boom. Paul Horsnell, a senior energy analyst at Barclays in London, said, "If there had been no invasion, then the current oil price would be lower."

The question is to what extent. The "Iraqi factor" is only one part of the story. The contention that we have reached, or are approaching "peak oil" – the top of a bell-shaped world oil production curve – combined with unprecedented global demand and lack of spare capacity are probably all more significant factors.



Peak oil

A former British Petroleum executive, geologist Colin Campbell, argues that the world has already consumed half of its proven oil reserves and that in effect we are close to the top of the oil production curve.

This has led some analysts to contend that the world has entered a new "oil price paradigm". Venezuelan President Hugo Chavez has said "The era of cheap oil is over," and Chevron's current advertisements state "One thing is clear: The era of easy oil is over."



The idea that we have reached peak oil is a matter of conjecture and difficult to predict due to the lack of transparent and reliable data on world oil deposits, but the idea may be fuelling speculation on the world's oil markets. (comentário: falta de dados transparentes sim é verdade mas a ideia que atingimos o Pico do Petróleo não é apenas conjectura, os indicios são muitos)

Until recently, the oil futures market remained low and stable even when the spot price shot up, but this has now changed, and the futures markets are in the unusual situation of being in contango.

This indicates that traders expect higher prices for some time. Indeed, the US Energy Information Administration (EIA) has forecast that the average price per barrel of oil will remain above $50 throughout 2005 and 2006.



Insatiable demand

High prices have so far done little to dampen demand. Since 2003 there has been a growing and seemingly greedy demand for oil. The world consumes 84 million barrels per day (bpd) but according to the International Energy Agency, this will rise to 88 million bpd by the end of 2006.

China, which is now the world's second-largest consumer of oil, has over the past few years accounted for approximately 40% of the growth in global demand. The EIA forecasts that Chinese demand will double by 2025.

India, another rapidly industrialising Asian state, is importing more oil than ever. Demand is still growing in developed economies, especially the US, where gasoline for motor vehicles accounts for most of its demand.

It is interesting to note that Ford's current range of cars achieves, on average, fewer miles per gallon than its Model-T did 80 years ago

The huge increase in demand for oil has coincided with supply constraints. This is primarily a result of limited ability to extract additional oil quickly enough but also due to factors such as lack of refining capacity.

Even though OPEC continually agrees to increase production levels – the most recent announcement was on 15 June for an extra 500,000 bpd – these have not helped reduce the price and have even led some to question whether this extra production has actually come on stream.

Indonesia recently became the first net-oil importing member of OPEC. Non-OPEC states such as Russia are widely thought to be extracting oil at full capacity. In contrast with the previous embargo and supply-driven price rises, the current oil price boom may be the first occurrence of a "demand-led shock".

The Iraqi factor


Some in Washington had hoped that by now Iraqi oil would be flooding the market, rendering OPEC obsolete and acting as a counterbalance to Saudi Arabian influence.

This has not happened, partly because Iraq's pipeline infrastructure has been sabotaged no less than 257 times since 2003 but also because its oil infrastructure is in a dilapidated state.

In the final months of the UN Oil for Food programme, Iraqi oil exports averaged at 2.5 million bpd. At peak levels, prior to sanctions, Iraq produced 3.5 million bpd. Last month Iraq managed to export only 1.6 million barrels daily.

Even if Iraq could produce significantly more oil than at present, it would not necessarily bring the price down but simply fill the gap between current OPEC quotas and forecast demand for 2006.



Although the occupation of Iraq has added to the "terrorist/instability premium" in the oil price and contributed in a small way to the lack of spare capacity, it is not the main factor for the current oil price and is therefore does not significantly contribute to the GCC's current economic boom.

The fundamental factor is the remarkable rate of growth in the world's voracious appetite and demand for oil. Indeed, there is a danger that the situation in Iraq could adversely affect non-oil GCC economic growth.

A prolonged US occupation accompanied by present levels of violence may adversely affect foreign direct investment flows, lead to capital flight and make diversification away from dependence on hydrocarbons more difficult. The sooner peace and stability return to the long-suffering Iraqi people the better it will be for the economies of the GCC and the world.

[Emilie Rutledge is an economist who is currently based at the Gulf Research Center in Dubai].
Novo título, novo look

Quando dei o nome ao blogue achava que ninguém percebia nada disto em Portugal por isso dei lhe um nome esquesito, como sendo algo misterioso e enigmático, "Peak Oil em Portugoil" fazia me lembrar a Guernica de Picasso. Um nome pouco claro que só pessoas já bem por dentro do assunto perceberiam.

Agora, pareceu-me que seria a altura de por tudo às claras e dizer tudo em bom português. Não que as pessoas percebam logo do que se trata mas sinto que agora posso tratar o problema pelo seu nome original em português: o Pico do Petróleo.

E se a montanha que descreve a curva da produção de petróleo não for directamente ao olhar do visitante, o visitante que vá à montanha, pode procurar as palavras chave em inglês onde encontrará ampla informação.

Tuesday, August 09, 2005

Uma imagem que diz tudo

Com a Petro-Guerra Infinita o Inferno é já aqui na Terra

Agradecimentos ao Cão de Guarda por esta imagem chave.
Há países com sorte...

Há países com sorte em que até o presidente local da BP apela à acção para combater as Alterações Climáticas (Aquecimento Global) e o Pico do Petróleo através do investimento massivo em energias renováveis.

Acontece na Australia.

Monday, August 08, 2005

Boas e más notícias

Quero relembrar algumas notícias encorajadors ao nível das energias renováveis para Portugal:

- Um projecto inovador fantástico para a energia das ondas.


- Um projecto com uma boa dimensão para a energia éolica, embora ainda falte muito para equilibrar o bolo energético português.

Sem esquecer que (as más) em Portugal cerca de 90% da energia consumida é petróleo e que a maior fatia das importações vem do Médio Oriente, imagina o que será. Existe um pequeno consumo de gás natural, nehum consumo de carvão e nenhum consumo de energia nuclear. Numa altura em que importava diversificar, a situação em Portugal é muito negativa.
Pico do Petróleo: O que fazer?

caricoroa said...

«E o que planeias fazer caso a situação económica se agrave muito? Eu ainda não sei o que faria... »

Já estou a fazer: estou a espalhar a noticia, a promover o debate, a ler e escrever sobre o problema. Uma parte da solução é colectiva, nessa eu já estou a trabalhar. Sou activista de uma organização ecológica, a GAIA, e tenho planos para organizar debates sobre a questão.

Ao nível individual, eu ainda estou a estudar possiblidades sendo certo que gostaria de me mudar para o campo para poder obter uma independencia alimentar.
A propósito não tenho dúvidas que com o colapso previsível da agricultura industrial e também o colapso do irracional fluxo comercial de alimentos básicos (que viajam milhares de kilómetros) vai acontecer a inversão do êxodo rural para um êxodo urbano, ou seja, da cidade para o campo.

Mas há quem já elabore alternativas. Tais como:

- A do tipo survival, como um escuteiro tarzan.

- A rural (quem me dera a mim ter dinheiro para uma quinta), do fundador do conceito de permacultura Holmgren.

- A solução comunitária.

Sunday, August 07, 2005

Sobre a previsão do preço do petróleo

É só para dizer que a situação é séria, não tanto para gabar as minhas qualidades de bruxo. A intenção não é adivinhar mas sim avisar dos problemas económicos que aí veem.
Preço de referência W.T.I. cotado em Nova Iorque.

Até o final desta década, até 2010 o barril irá ultrapassar (a previsão é minha mas também de outros):


100
dólares
Preço de referência W.T.I. cotado em Nova Iorque.

Em 2005, neste inverno, o barril irá ultrapassar (a previsão é minha mas também de outros):


70
dólares
Preço de referência W.T.I. cotado em Nova Iorque.

Em 2005 o barril de petróleo valeu em média até agora:


52.77
dólares
Preço de referência W.T.I. cotado em Nova Iorque.

Em 2004 o barril de petróleo valeu em média:


41.42
dólares
Preço de referência W.T.I. cotado em Nova Iorque.

Em 2003 o barril de petróleo valeu em média:


31.12
dólares
Preço de referência W.T.I. cotado em Nova Iorque.

Em 2002 o barril de petróleo valeu em média:


26.06
dólares
Preço de referência W.T.I. cotado em Nova Iorque.

Em 2001 o barril de petróleo valeu em média:


26.00
dólares
Preço de referência W.T.I. cotado em Nova Iorque.

Em 2000 o barril de petróleo aproximou-se dos:


30
dólares
Preço de referência W.T.I. cotado em Nova Iorque.

Em 1999 o barril de petróleo chegou a andar à volta de:


15
dólares
Preço de referência W.T.I. cotado em Nova Iorque.

Em 1998 o barril de petróleo chegou a andar à volta de:


10
dólares

Thursday, August 04, 2005

Crude watch, Gold watch

Leiam a noticia da bloomberg para perceber a relação da subida do preço do crude com a subida do preço do ouro:

Gold Rises in New York as Higher Energy Costs Signal Inflation

«Aug. 4 (Bloomberg) -- Gold prices rose in New York for the sixth session...»
«Crude-oil prices rose for the fifth time in six sessions, reaching a record $62.50 a barrel yesterday...»

Wednesday, August 03, 2005

As revelações do livro "Crossing The Rubicon"

Não resisto a mostrar uma passagem do livro do excelente jornalista-investigador Michael Ruppert sobre o 11 de setembro e o Pico do Petróleo que estou a ler.

A passagem seguinte demonstra que a classe dominate e o establishment (e não apenas o Dick Cheney) tinham conhecimento da necessidade vital por petróleo dos EUA por causa da crise energética, a escassez de petróleo e alta de preços que já hoje estamos a viver. A revelação é de um importante Think Tank e de um dos falcões, James Baker, do establishment norte-americano. Já agora hoje o preço do barril de petróleo bateu mais um record ao chegar aos 62.43 dólares. Aqui está o excerto:

«In April 2001 the Council on Foreign Relations and James A. Baker (Secretary of State for G.H.W. Bush - Bush pai) published a detailed study of world energy problems.»
Citando o relatório:
«Strong economic growth across the globe and new global demands for more energy have meant the end of surplus of sustained capacity in hydrocarbon fuels and the begining of capacity limitations. In fact, the world is currently precariously close to utilizing all of its available global oil production capacity, rising the chances of an oil supply crisis with more substancial consequences than seen in three decades.
Thes choices will affect other US policy objectives: US policy toward the Middle East; US policy toward the former Soviet Union and China; the fight against internacional terrorism.
Meanwhile, across much of the developing world, energy infrastructure is being severely tested by the expanding materal demands of a growing middle class, especially in the high growth, high-population economies of Asia. As demand growth collided with supply and capacity limits at the end of the last century, prices rose across the energy spectrum, at home and abroad.»

Citação adicional do relatório:
«Oil price spikes since 1940s have always been followed by a recession.»
O Pico do Petróleo e o Protocolo da Depleção

"How to Avoid Oil Wars, Terrorism, and Economic Collapse" - http://www.museletter.com/archive/160.html

É o novo ensaio do professor Richard Heinberg sobre o Pico do Petróleo e a solução proposta pela ASPO - Associação para o Estudo do Pico do Petróleo - que é um protocolo do mesmo tipo do protocolo de Kyoto mas que se chama protocolo da depleção e está desenhado para resolver os problemas da volatibilidade e alta dos preços do petróleo, a escassez deste recurso fundamental e os seus impactos económicos severos seja apenas num país, nalgum número deles regionalmente ou mundialmente.

Até o Dick Cheney à sua maneira maquiavélica nos avisou para esta situação, é preciso lidar com ela.

Post convidado do meu amigo LB.
Antonio Gramsci said: "Pessimism of the intellect; optimism of the will."

Encontrei esta citação num blog americano sobre o Pico do Petróleo. O The Oil Drum. Interessante conjugação de Marxismo com o Pico do Petróleo. Antonio Gramsci foi um dos mais distintos e notaveis pensadores marxistas do século XX.
Comunidade Portuguesa de Ambientalistas
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