Nota: Parece que a utopia do etanol já chegou à União Europeia, e logo ao seu bom aluno Portugal. Este combustivel é um desperdício de recursos, ele nunca irá substituir o petróleo, a única coisa que pode fazer é desperdiçar terreno agricola ou destruir florestas, em algum remoto país asiático do qual vamos importar, com elevados danos ambientais. A sua taxa de EROEI (Energia Obtida por Energia Investida) é insuficiente para ter alguma lógica energética. Além do mais, a ideia deste combustível substituir o petróleo é uma utopia tecno-fantasista. A eficiência energética e a conservação são as únicas alternativas credíveis ao petróleo como combustível líquido, isto é, reduzir a procura.Produção de bioetanol só é viável com redução no imposto Sexta-Feira, 30 de Junho de 2006 Estudo apresentado em Idanha mostra potencial da Beira InteriorO estudo para produção de bioetanol apresentado em Idanha-a-Nova prevê
o aproveitamento de todo o regadio da Beira Interior, sendo a produção
considerada viável, mas dependente do imposto sobre produtos
petrolíferos (ISP) aplicado A produção de bioetanol, um aditivo e combustível
obtido a partir de plantas, só é viável em Portugal se o Governo baixar o
imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) para este produto em
particular. "O decreto-lei já propõe que haja uma isenção de 50 por cento, mas
não é suficiente para viabilizar a produção ao actual nível (cerca de
70 dólares) do preço do barril de petróleo", alertou Frederico Carvalho,
da empresa TechnoEdif, responsável por um estudo de viabilidade de
produção. O estudo foi apresentado anteontem em Idanha-a-Nova, na abertura
da Feira Raiana.
No entanto, questionado sobre qual a percentagem de isenção de imposto
que devia ser aplicada, Frederico Carvalho recusou adiantá-la, frisando
ser uma questão a discutir. "Não estou a falar na isenção total, mas é
preciso discutir esse ponto para valores mais ambiciosos", defendeu.
Para além do desagravamento da taxa de ISP, o estudo acrescenta que a
viabilidade económica para a incorporação do bioetanol está igualmente
dependente dos apoios governamentais directos aos agricultores.
Considerando o preço da gasolina super de 95 octanas, superior a 1,3
euros por litro, e que um litro de etanol tem um poder calorífico
inferior ao da gasolina, entre 25 a 30 por cento (por cada cem quilómetros
percorridos com gasolina, realizam-se entre 70 a 75 com bioetanol), o
estudo aponta um valor "igual ou inferior" a 0,73 euros como "interessante"
para comercialização do combustível.
Ainda segundo o documento os custos à porta da fábrica situam-se nos
0,6 euros/litro, enquanto as margens de comercialização e distribuição do
bioetanol, incorporando custos de transporte, armazenamento e
logísticos estão estimados em 0,13 euros/litro.
VIBILIDADE IMPLICA GRANDE ÁREA
Frederico Carvalho apresentou em Idanha-a-Nova um estudo de produção de
bioetanol, aproveitando o regadio da região, sendo a produção
considerada viável pelo documento, desde que englobe uma área maior. "É viável a
zona que considerámos, abarcando a Beira Interior e os regadios que vão
desde o Sabugal (Guarda) até ao Tejo (Vila Velha de Ródão). Não tem
limitações, à partida, para poder desenvolver um processo de bioetanol"
disse.
A área abrange, para além do regadio de Idanha-a-Nova, cuja Associação
de Regantes (ARBI) promoveu o estudo, toda a área de regadio da Cova de
Beira. Frederico Carvalho diz não existirem grandes limitações à
continuação dos estudos e, concretamente, à existência de uma conjugação de
esforços para que a região possa ser "pioneira" numa unidade industrial
de produção de bioetanol. Destacou, nomeadamente, a área "superior a
20.000 hectares", considerando a zona de regadio como "uma
infra-estrutura extraordinária que o Pais tem a nível climático, a nível de solos e
de dimensão".
Fábrica representa investimento mínimo de 35 milhões
Três a quatro anos para funcionar
A produção experimental de culturas como o sorgo sacarino e a cana de
açúcar na região tem dado "resultados encorajadores" para a produção de
bioetanol, frisa ainda o documento. Para o especialista, se por
hipótese fosse hoje tomada uma decisão de implantar uma fábrica na zona
referida, a unidade industrial "demoraria três ou quatro anos para estar a
funcionar", sublinhou. Segundo o estudo, uma unidade industrial para
produção de 75 milhões de litros por ano representaria um custo de
investimento entre os 35 e os 45 milhões de euros.
Espanha é o maior produtor europeu
Directiva comuntária impõe taxa mínima
Portugal não produz bioetanol, ao contrário, por exemplo, da Espanha, o
maior produtor europeu, apesar de uma directiva comunitária ter
estabelecido para 2005 a taxa mínima de dois por cento daquele aditivo a
incorporar nos combustíveis em geral, nomeadamente na gasolina. Uma taxa de
dois por cento em Portugal significa, segundo o estudo, uma estimativa
de consumo de 50 milhões de litros por ano. Para 2010 a mesma directiva
estabelece uma meta de 5,75 por cento, cerca de 140 milhões de litros
de consumo por ano. Actualmente, segundo Frederico Carvalho, a produção
de bioetanol na União Europeia está estimada em cerca de 600 milhões de
litros por ano, ainda assim "deficitária". "Com a adopção generalizada
da directiva, a Europa ficará muito provavelmente importadora de
bioetanol", frisa o estudo.
Fonte:
Diário XXI