O século XXI será ocioso e sem facturas
Em consequência do desenvolvimento dos transportes internacionais de mercadorias e dos sistemas de telecomunicação modernos, o capitalismo dominante não está naturalmente muito inclinado a realizar economias de energia e a utilizar recursos renováveis enquanto existirem reservas de petróleo ao seu dispor. O capitalismo não possui nenhuma inteligência global e não parará enquanto não sentir falta de recursos naturais. Em vez de uma «formidável faculdade de adaptação» como garante de progresso, conviria antes falar de uma lógica primária de predação, senão mesmo de devastação. É, por isso, inútil esperar por uma redução das emissões de gases com efeito de estufa ou uma melhoria climática antes da penúria material do petróleo. Desgraçadamente parece que não estamos longe dessa situação. O petróleo vai certamente desaparecer de forma lenta mas inevitável. Entre 2010 e 2020 a sua produção diária irá atingir o seu máximo antes de iniciar uma descida imparável. O petróleo apenas inaugurará uma série que irá prosseguir com o esgotamento dos recursos como do gáz natural, do carvão e do urânio. Não existe uma solução mágica para a escassez do petróleo. Os políticos preferem não falar de catástrofe uma vez que isso pressupunha a necessidade de dar respostas o que eles sabem não poder dar. A ideia do pico do petróleo seguido de um declínio é recusada ainda por várias pessoas convencidas no progresso ilimitado da ciência ou que recusam simplesmente essa ideia por criar demasiada angústia.
Num futuro próximo vai ser preciso limitar as deslocações e de re-localizar as actividades vitais desenvolvendo alternativas que nos conduzam à autonomia, ao respeito pelo ambiente e provavelmente a um modo de funcionamento augestionário.
Com efeito, o custo elevado do petróleo e da energia repercutir-se-á nas matérias-primas e nos bens de produção final. A rede de transportes internacional irá lentamente retrair-se. Os Estados Unidos – cuja intervenção no Iraque reflecte mais uma reacção de pânico do que preocupações democráticas – não poderão sustentar o modelo sobre o qual se baseia o seu crescimento económico. As cidades não demorarão a seguir um regime energético com base nos transportes comuns, partilha de transportes, A vida tornar-se-á mais onerosa, e as relações de força entre empregadores/empregados orientar-se-ão para novos enquadramentos ( pagamento pelo tempo de transporte e de deslocação…) e a questão social da partilha assumirá um grande relevo à medida que diminuir o que houver para compartilhar. O mundo rural oferecerá condições e vantagens que poderão torná-lo atraente a longo prazo, desde a proximidade dos alimentos, economia de custos, uso de biomassa como carburante, ou da madeira para o aquecimento, até aos espaços para as energias eólicas e a possibilidade de aplicação de técnicas de arquitectura bioclimáticas avançadas. Pode-se pois imaginar que o futuro do homem será cada vez mais ocioso, em que se trabalhará cada vez mais, nos alimentaremos com produtos biológicos ( note-se que a agricultura intensiva alimenta-se de petróleo), que haverá mais autonomia e respeito pela natureza, e onde se participará na vida de sociedades locais autogeridas em relação com o resto do planeta por meio dos meios de telecomunicação pouco dispendiosos de energia.
Texto dos trabalhadores da terra e do ambiente da CNT francesa
CNT 63. Syndicat des Travailleurs de la Terre et de l’Environnement
2, place Poly 63100 Clermont-Ferrand
Este texto foi publicado originalmente em:
Pimenta negra (blogue)
Em consequência do desenvolvimento dos transportes internacionais de mercadorias e dos sistemas de telecomunicação modernos, o capitalismo dominante não está naturalmente muito inclinado a realizar economias de energia e a utilizar recursos renováveis enquanto existirem reservas de petróleo ao seu dispor. O capitalismo não possui nenhuma inteligência global e não parará enquanto não sentir falta de recursos naturais. Em vez de uma «formidável faculdade de adaptação» como garante de progresso, conviria antes falar de uma lógica primária de predação, senão mesmo de devastação. É, por isso, inútil esperar por uma redução das emissões de gases com efeito de estufa ou uma melhoria climática antes da penúria material do petróleo. Desgraçadamente parece que não estamos longe dessa situação. O petróleo vai certamente desaparecer de forma lenta mas inevitável. Entre 2010 e 2020 a sua produção diária irá atingir o seu máximo antes de iniciar uma descida imparável. O petróleo apenas inaugurará uma série que irá prosseguir com o esgotamento dos recursos como do gáz natural, do carvão e do urânio. Não existe uma solução mágica para a escassez do petróleo. Os políticos preferem não falar de catástrofe uma vez que isso pressupunha a necessidade de dar respostas o que eles sabem não poder dar. A ideia do pico do petróleo seguido de um declínio é recusada ainda por várias pessoas convencidas no progresso ilimitado da ciência ou que recusam simplesmente essa ideia por criar demasiada angústia.
Num futuro próximo vai ser preciso limitar as deslocações e de re-localizar as actividades vitais desenvolvendo alternativas que nos conduzam à autonomia, ao respeito pelo ambiente e provavelmente a um modo de funcionamento augestionário.
Com efeito, o custo elevado do petróleo e da energia repercutir-se-á nas matérias-primas e nos bens de produção final. A rede de transportes internacional irá lentamente retrair-se. Os Estados Unidos – cuja intervenção no Iraque reflecte mais uma reacção de pânico do que preocupações democráticas – não poderão sustentar o modelo sobre o qual se baseia o seu crescimento económico. As cidades não demorarão a seguir um regime energético com base nos transportes comuns, partilha de transportes, A vida tornar-se-á mais onerosa, e as relações de força entre empregadores/empregados orientar-se-ão para novos enquadramentos ( pagamento pelo tempo de transporte e de deslocação…) e a questão social da partilha assumirá um grande relevo à medida que diminuir o que houver para compartilhar. O mundo rural oferecerá condições e vantagens que poderão torná-lo atraente a longo prazo, desde a proximidade dos alimentos, economia de custos, uso de biomassa como carburante, ou da madeira para o aquecimento, até aos espaços para as energias eólicas e a possibilidade de aplicação de técnicas de arquitectura bioclimáticas avançadas. Pode-se pois imaginar que o futuro do homem será cada vez mais ocioso, em que se trabalhará cada vez mais, nos alimentaremos com produtos biológicos ( note-se que a agricultura intensiva alimenta-se de petróleo), que haverá mais autonomia e respeito pela natureza, e onde se participará na vida de sociedades locais autogeridas em relação com o resto do planeta por meio dos meios de telecomunicação pouco dispendiosos de energia.
Texto dos trabalhadores da terra e do ambiente da CNT francesa
CNT 63. Syndicat des Travailleurs de la Terre et de l’Environnement
2, place Poly 63100 Clermont-Ferrand
Este texto foi publicado originalmente em:
Pimenta negra (blogue)