Pesquisa: para 70% dos economistas, EUA já vivem recessão
14/03/2008
Economistas americanos estão cada vez mais certos de que os EUA entraram em recessão, segundo a mais recente pesquisa de previsões feita pelo Wall Street Journal. Dos 51 economistas que responderam a essa questão, 36 (mais de 70%), disseram no levantamento, realizado entre os dias 7 e 11 de março, que a economia está em recessão.
Essa visão foi reforçada ontem com a divulgação de novos dados que mostram acentuada queda nas vendas do varejo no mês passado. "As evidências agora já não comportam dúvida", disse Scott Anderson, do Wells Fargo.
O Departamento do Comércio dos EUA informou ontem que as vendas do varejo caíram 0,6% em fevereiro; se excluídas as categorias de automóveis e autopeças, que são mais voláteis, a queda foi de 0,2%. As quedas refletem uma acentuada desaceleração no consumo das famílias, que respondem por mais de 70% da atividade econômica dos EUA, num momento em que os americanos enfrentam uma alta dos preços de gasolina e alimentos e uma queda no valor da casa própria e outros ativos.
O levantamento marca uma mudança vertiginosa rumo ao pessimismo em comparação com a pesquisa anterior, feita cinco semanas antes. Os economistas agora esperam que a folha de pagamento de empresas cresça em média só 9.000 vagas por mês nos próximos 12 meses. Antes se esperava aumento mensal de 48.500 vagas. Vinte economistas esperam que as folhas de pagamento cheguem de fato a encolher. Em média, eles previram que a taxa de desemprego estará em 5,5% em dezembro, ante os atuais 4,8%.
O que está alimentando todo esse pessimismo? O relatório sobre o emprego divulgado na sexta-feira, que mostrou uma perda de 63.000 vagas em fevereiro, o segundo mês consecutivo de queda. Vinte e nove dos 55 economistas que responderam a essa questão disseram esperar que a economia se contraia no atual trimestre e 25 esperam que isso aconteça no segundo.
Os economistas, em média, prevêem crescimento econômico pífio: só 0,1% em termos anuais no atual trimestre, e 0,4% no segundo.
Embora a definição clássica de recessão seja a de dois trimestres consecutivos de declínio no PIB, Stephen Stanley, do RBS Greenwich Capital, ressaltou que o Birô Nacional de Pesquisa Econômica (NBER, na sigla em inglês), uma organização apartidária que é o árbitro oficial das recessões americanas, nem sempre segue estritamente essa definição. "Se a gente olhar a recessão de 2001, só houve um trimestre com PIB negativo, e pode nem haver um trimestre negativo na atual recessão", disse ele.
Quase a metade dos economistas consultados disse que uma recessão este ano pode ser pior que as de 2001 e 1990-91. Em meio a tantos temores, eles esperam mais ação das autoridades econômicas. Segundo 63%, o uso do dinheiro público para lidar com a crise imobiliária é agora provável ou uma certeza, enquanto em média os economistas esperam que o Federal Reserve, o banco central, reduza a taxa básica dos juros, dos atuais 3% para 2% até junho.
As autoridades monetárias do Fed se reúnem na terça, e o mercado já está incorporando a suas cotações um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa de juros, bem como sinalizando a probabilidade de 90% de corte de 0,75 ponto. As autoridades não estavam, até esta semana, convencidas da necessidade de um corte de 0,75 ponto, dados os sinais de que a psicologia da inflação está se deteriorando.
Mas essa opinião pode ter sido afetada pela constante turbulência no mercado de crédito, bem como pelos dados fracos de vendas no varejo e emprego. No mercado se diz que essa seria uma hora arriscada de fazer um corte de juros menor do que aquele que os investidores esperam. O Fed terá de pesar a urgência de enfrentar a crise do crédito contra o risco de parecer despreocupado com a inflação.
O índice de preços ao consumidor de fevereiro será divulgado hoje e economistas consultados pela agência de notícias Dow Jones Newswires esperam um aumento de 4,5% em relação a um ano atrás.
A maioria dos economistas espera que uma recuperação econômica comece no segundo semestre, quando o pacote governamental de estímulo econômico e os cortes das taxas de juros começariam a afetar a economia. Até o fim do ano, eles esperam que a inflação esteja num nível desconfortavelmente alto de 2,7%, o que levanta a questão de quando o Fed deveria começar a aumentar os juros.
Para 84% dos economistas ouvidos, o Fed demorou para elevar os juros em 2003 e vai querer evitar esse erro. Mesmo assim, "vai levar algum tempo, na melhor das hipóteses, até que o Fed possa se sentir seguro de que a situação econômica se estabilizou", disse Bruce Kasman, do J.P. Morgan Chase.
Uma coisa está clara: o cenário sombrio tornou o trabalho do presidente do Fed, Ben Bernanke, menos seguro, especialmente porque os EUA terão um novo presidente daqui a menos de um ano. Os economistas dão a Bernanke só 59% de chances de ser renomeado em 2010. "Se um democrata for eleito, ele não será renomeado, e [John] McCain também pode optar por outra pessoa", disse David Resler, da Nomura Securities.
"Os problemas aconteceram sob a batuta dele", acrescentou Ram Bhagavatula, da Combinatorics Capital.
Fonte: Diário Vermelho
14/03/2008
Economistas americanos estão cada vez mais certos de que os EUA entraram em recessão, segundo a mais recente pesquisa de previsões feita pelo Wall Street Journal. Dos 51 economistas que responderam a essa questão, 36 (mais de 70%), disseram no levantamento, realizado entre os dias 7 e 11 de março, que a economia está em recessão.
Essa visão foi reforçada ontem com a divulgação de novos dados que mostram acentuada queda nas vendas do varejo no mês passado. "As evidências agora já não comportam dúvida", disse Scott Anderson, do Wells Fargo.
O Departamento do Comércio dos EUA informou ontem que as vendas do varejo caíram 0,6% em fevereiro; se excluídas as categorias de automóveis e autopeças, que são mais voláteis, a queda foi de 0,2%. As quedas refletem uma acentuada desaceleração no consumo das famílias, que respondem por mais de 70% da atividade econômica dos EUA, num momento em que os americanos enfrentam uma alta dos preços de gasolina e alimentos e uma queda no valor da casa própria e outros ativos.
O levantamento marca uma mudança vertiginosa rumo ao pessimismo em comparação com a pesquisa anterior, feita cinco semanas antes. Os economistas agora esperam que a folha de pagamento de empresas cresça em média só 9.000 vagas por mês nos próximos 12 meses. Antes se esperava aumento mensal de 48.500 vagas. Vinte economistas esperam que as folhas de pagamento cheguem de fato a encolher. Em média, eles previram que a taxa de desemprego estará em 5,5% em dezembro, ante os atuais 4,8%.
O que está alimentando todo esse pessimismo? O relatório sobre o emprego divulgado na sexta-feira, que mostrou uma perda de 63.000 vagas em fevereiro, o segundo mês consecutivo de queda. Vinte e nove dos 55 economistas que responderam a essa questão disseram esperar que a economia se contraia no atual trimestre e 25 esperam que isso aconteça no segundo.
Os economistas, em média, prevêem crescimento econômico pífio: só 0,1% em termos anuais no atual trimestre, e 0,4% no segundo.
Embora a definição clássica de recessão seja a de dois trimestres consecutivos de declínio no PIB, Stephen Stanley, do RBS Greenwich Capital, ressaltou que o Birô Nacional de Pesquisa Econômica (NBER, na sigla em inglês), uma organização apartidária que é o árbitro oficial das recessões americanas, nem sempre segue estritamente essa definição. "Se a gente olhar a recessão de 2001, só houve um trimestre com PIB negativo, e pode nem haver um trimestre negativo na atual recessão", disse ele.
Quase a metade dos economistas consultados disse que uma recessão este ano pode ser pior que as de 2001 e 1990-91. Em meio a tantos temores, eles esperam mais ação das autoridades econômicas. Segundo 63%, o uso do dinheiro público para lidar com a crise imobiliária é agora provável ou uma certeza, enquanto em média os economistas esperam que o Federal Reserve, o banco central, reduza a taxa básica dos juros, dos atuais 3% para 2% até junho.
As autoridades monetárias do Fed se reúnem na terça, e o mercado já está incorporando a suas cotações um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa de juros, bem como sinalizando a probabilidade de 90% de corte de 0,75 ponto. As autoridades não estavam, até esta semana, convencidas da necessidade de um corte de 0,75 ponto, dados os sinais de que a psicologia da inflação está se deteriorando.
Mas essa opinião pode ter sido afetada pela constante turbulência no mercado de crédito, bem como pelos dados fracos de vendas no varejo e emprego. No mercado se diz que essa seria uma hora arriscada de fazer um corte de juros menor do que aquele que os investidores esperam. O Fed terá de pesar a urgência de enfrentar a crise do crédito contra o risco de parecer despreocupado com a inflação.
O índice de preços ao consumidor de fevereiro será divulgado hoje e economistas consultados pela agência de notícias Dow Jones Newswires esperam um aumento de 4,5% em relação a um ano atrás.
A maioria dos economistas espera que uma recuperação econômica comece no segundo semestre, quando o pacote governamental de estímulo econômico e os cortes das taxas de juros começariam a afetar a economia. Até o fim do ano, eles esperam que a inflação esteja num nível desconfortavelmente alto de 2,7%, o que levanta a questão de quando o Fed deveria começar a aumentar os juros.
Para 84% dos economistas ouvidos, o Fed demorou para elevar os juros em 2003 e vai querer evitar esse erro. Mesmo assim, "vai levar algum tempo, na melhor das hipóteses, até que o Fed possa se sentir seguro de que a situação econômica se estabilizou", disse Bruce Kasman, do J.P. Morgan Chase.
Uma coisa está clara: o cenário sombrio tornou o trabalho do presidente do Fed, Ben Bernanke, menos seguro, especialmente porque os EUA terão um novo presidente daqui a menos de um ano. Os economistas dão a Bernanke só 59% de chances de ser renomeado em 2010. "Se um democrata for eleito, ele não será renomeado, e [John] McCain também pode optar por outra pessoa", disse David Resler, da Nomura Securities.
"Os problemas aconteceram sob a batuta dele", acrescentou Ram Bhagavatula, da Combinatorics Capital.
Fonte: Diário Vermelho
Labels: Crise Financeira e Imobiliária, Crise social e económica