Saturday, January 05, 2008

Inflação em Portugal, o dinheiro que escorrega do salário para a miséria

O gás natural subirá entre 1,2% e 5,9% em 2008. Este aumento do preço está previsto para o primeiro trimestre do deste ano. O Norte e o Interior do País, bem como o Algarve, são as regiões com maiores agravamentos. Este é apenas um dos muitos casos em que a inflação de produtos de primeira necessidade para os portugueses aumentam muito acima da taxa oficial de inflação prevista pelo governo (e o seu submisso INE) para 2008.

"O início do novo ano é sinónimo de mais despesas para os portugueses. Em muitos casos, os bens essenciais vão subir mais do que os ordenados." Assinala correctamente a SIC. Álias são vários os meios de comunicação que assinalam que os bens essenciais vão aumentar acima do valor da inflação dado pelo governo (2,1%).

Outros casos de grandes subidas de preços no sector da alimentação: o pão sobe 10 a 15% (e já tinha aumentado 30% ao longo de 2007) justificado pela subida de 92% em 2007 do preço da farinha de cereais (e pela produção de biocombustíveis), os cereais aumentaram de 30 a 50% em 2007, o leite poderá aumentar 10%, o preço do arroz poderá aumentar cerca de 50% (Portugal tem o mais alto consumo per capita de arroz na Europa), sobem muito também os preços da cerveja (de 25 a 35%), os preços da cevada (50%), etc.

E de outros produtos e serviços: em 2008, as rendas de casa sobem cerca de 3%, a electricidade aumenta em média 2,9% ao longo do país (com aumentos acima de 3% para as indústrias e os consumidores de alta tensão), nos transportes públicos o aumento médio é de 3,9%, a gasolina e o gasóleo aumentam - para já - cerca 1,8% (abaixo da inflação oficial prevista de 2,1%) mas é sabido que estes produtos estão sujeitos a aumentos periódicos e que o imposto (ISP) aumentou recentemente, o preço do barril do petróleo passou recentemente a barreira histórica de 100 dólares e promete continuar a aumentar (o que promete aumentar ainda mais os preços dos combustíveis domésticos e industriais), o tabaco aumentou cerca de 15% (32% dos portugueses fumam), as portagens de auto-estrada sobem em média 2,6%, as taxas moderadoras (eu chamar-lhe-ia "assaltadoras") vão aumentar no caso de acesso às urgências hospitalares (e em muitos outros serviços) em mais de 5%, no distrito do Porto a factura água poderá aumentar 8,1% (aumento exigido pela empresa privada Águas do Douro e Paiva), no centro do país estão previstos aumentos exorbitantes acima de 30% (outra empresa privada Águas do Zêzere e Côa), etc.

Conclusão

Eu estive a fazer contas ao meu orçamento familiar (que penso ser mediano) e calculo que mais de 20% do mesmo é gasto em alimentos, outros 13% é gasto em serviços essenciais (água, luz, telefone, transporte público). Tenho a sorte de pagar uma renda de casa muito baixa por viver numa casa antiga mas se fosse pesquisar a média que os portugueses pagam de renda penso que chegaria no mínimo a 10% (do orçamento familiar), somando com as despesas de saúde e educação (serviços essenciais) outros 10% creio que podemos concluir que no total de produtos e serviços essenciais os portugueses gastam mais 50% do orçamento familiar. E como podemos ver pela lista de aumentos que citei mais de metade dos gastos habituais dos portugueses vão estar sujeitos a aumentos muito acima da inflação prevista oficialmente em 2008.

Alguém acha que o aumento de 5,7% no salário mínimo (para os míseros 426 euros) chega para tudo isto? Ou as pensões de miséria que aumentam 2,7%?

A confiança dos portugueses é a mais baixa desde última recessão em 2003.

Com informações de: RTP, Anilact, Esquerda.net, AgroNotícias, Destak, RTP, Sol, Correio da Manhã, OJE, SIC, Visão, Diário Económico.

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